Título: E-mail indica que empreiteira também ajudou PT
Autor: Macedo, Fausto; Godoy, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/03/2009, Nacional, p. A10

Diretório do partido em São Paulo teria recebido R$ 25 mil da Camargo Corrêa, assim como PTB e PV

Fausto Macedo, Marcelo Godoy e Roberto Almeida

Um e-mail interceptado na Operação Castelo de Areia mostra uma doação de R$ 25 mil para o Diretório Regional do PT de São Paulo, feita pela construtora Camargo Corrêa, que despertou a suspeita da Polícia Federal. Somas iguais teriam sido doadas aos comitês financeiros do PTB e do PV paulistas. No dia 4 de novembro de 2008, o executivo Fernando Dias Gomes, da Camargo Corrêa, enviou uma lista de "recibos pendentes" a Luiz Henrique Bezerra, representante da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) em Brasília e suposto intermediário das doações da empreiteira para os partidos.

O PT ainda não havia aparecido entre os beneficiados pelas doações postas em suspeição pela PF. Em decisão de 16 de outubro de 2008, o juiz Márcio Rached Millani, da 6ª Vara Criminal Federal, afirma: "A natureza dessas supostas ?doações? necessita ser melhor elucidada, notadamente em se tratando de período eleitoral".

Nas investigações, doações legais, segundo a PF, misturam-se com as supostamente ilegais. Entre as legais haveria uma registrada em uma conversa de Pietro Bianchi, diretor da empreiteira, na qual ele pergunta a um interlocutor se um candidato a vereador do PT em São Paulo já havia recebido a " doação de R$ 50 mil que era pedido do doutor Marcio Thomaz Bastos (advogado e ex-ministro da Justiça do governo Lula)". Thomaz Bastos confirmou a doação e afirmou que foi legal. De fato, a doação foi registrada no TSE.

O diretório paulista do PT disse, em nota, que "todas as doações foram feitas dentro do que rege a legislação". Além do PT, supostas doações para o PTB e o PV surgiram na investigação. A assessoria da direção estadual do PTB informou que todas as contribuições ao partido foram declaradas à Justiça Eleitoral e afirmou ter emitido o recibo dos R$ 25 mil dados pela empreiteira. O Estado procurou a direção do PV em São Paulo, mas não obteve resposta.

Com a inclusão do PT e desses outros dois partidos, a lista de agremiações que supostamente receberam doações sob suspeita sobe para 10 - no despacho em que decretou a prisão na semana passada de doleiros e executivos da empreiteira, o juiz federal Fausto Martim De Sanctis havia listados sete partidos (DEM, PMDB, PSDB, PDT, PSB, PPS e PP). Todos os partidos negaram ter recebido doações "por fora" e informaram que declararam tudo ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).