Título: Contra PT, DEM abranda discurso moralizador
Autor: Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2009, Nacional, p. A7

Empenhado em contribuir para rachar a base aliada do governo e se opor ao PT, o DEM "abrandou" seu discurso moralizador, distanciou-se do PSDB e apoiou personagens com biografias complicadas. O partido diz que a opção deu resultado.

O DEM optou por eleger José Sarney (PMDB-AP) para a presidência do Senado, ao contrário do PSDB, que apoiou Tião Viana (PT-AC). Também se aliou ao PMDB, do líder Renan Calheiros (AL), para eleger o senador Fernando Collor (PTB-AL) presidente da Comissão de Infraestrutura e, com isso, retirar a vaga prometida à senadora Ideli Salvatti (PT-SC), ex-líder do bloco do governo.

"Sarney significou a divisão da base do governo", justifica o líder do partido, senador José Agripino (RN), ao reforçar o êxito da tática.

A estratégia devolveu ao grupo do líder do PMDB o poder perdido com o escândalo de 2007, quando Renan foi alvo de cinco processos no Senado por quebra de decoro parlamentar.

Já o DEM passou a deixar dúvidas sobre o discurso de moralidade que procurou reforçar há dois anos, quando passou a existir no lugar no PFL. "Fazer oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva significa ser contra o PT, significa provocar divisão na base do governo", diz Agripino.

Na mesma linha, o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), rebate a tese de que a iniciativa de seu partido terminou por "entregar" a Renan e seus aliados o comando do Senado. "Muito pior foi o mensalão do PT, o sistema montado por Lula", afirma.