Título: Próximo da saída, Lago promete volta em 2010
Autor: Oliveira, Clarissa
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2009, Nacional, p. A7

Governador cassado diz que não vai cruzar os braços se não conseguir continuar no cargo

Clarissa Oliveira, SÃO LUÍS

Três dias depois de ter sido cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o governador do Maranhão, Jackson Lago, disse ontem que não vai "cruzar os braços" se não conseguir permanecer no cargo, após se esgotarem suas possibilidades de recurso na Justiça. Se a cassação for mantida, ele promete concorrer na eleição de 2010, seja para o posto de governador ou para outro cargo para o qual tenha o apoio da população.

"Ninguém tem o direito de se aposentar e cruzar os braços num Estado como o nosso, onde dois terços da população está abaixo da linha da pobreza", disse Lago ao Estado ontem. "Sou um soldado disciplinado. Se convocado, me apresentarei para qualquer posição."

Ao comentar a decisão do TSE, Lago disse que faltou "uniformidade" no posicionamento dos ministros.Voltando a alegar que o resultado reflete o empenho da família de José Sarney para voltar ao poder, ele prosseguiu com a troca de farpas com o presidente do Senado. "Sempre respeitei a Justiça. Já ele passou 21 anos como servidor da ditadura militar."

Ontem, Roseana Sarney prosseguia com as articulações para a montagem do governo. Aliados da senadora querem que o governador abra espaço para uma equipe de transição.

VERBA

Ontem, a oposição levantou também a possibilidade de acionar o governo na Justiça, por causa de um decreto publicado no Diário Oficial na última quarta-feira, horas após o fim do julgamento no TSE. O decreto, de número de 25.119, concede à Secretaria de Comunicação do Estado "crédito suplementar de R$ 5.491.728". A verba, diz o texto, decorre de "anulação parcial de dotações consignadas no Orçamento". "Se for mesmo um crédito suplementar, vamos entrar na Justiça", avisou o líder da oposição, deputado Ricardo Murad (PMDB).

O governador disse se tratar apenas de um remanejamento e reagiu: "Pedimos à Assembleia R$ 24 milhões para a comunicação, quatro vezes menos que o Piauí. E eles cortaram R$ 11 milhões. Tínhamos que ter muito mais. Afinal, todos os meios de comunicação são controlados por nossos adversários." A Secretaria de Comunicação atribuiu a um "erro de digitação" o uso do termo crédito suplementar, em vez de remanejamento orçamentário.