Título: Quase pronto fundo para os fornecedores
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2009, Economia, p. B6

Petrobrás diz que lança neste mês garantia de capital de giro a empresas

Nicola Pamplona, RIO

A Petrobrás espera lançar, ainda este mês, dois Fundos de Direitos Creditórios (FDIC) para garantir capital de giro aos seus fornecedores. A medida faz parte de um pacote de ajuda aos fabricantes nacionais de equipamentos para a indústria do petróleo, que enfrentam dificuldades de caixa por conta da crise financeira.

Segundo o diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa, apenas este ano, a empresa antecipou R$ 1,27 bilhão em pagamentos aos fornecedores.

"Não vamos deixar de apoiar nossos fornecedores", afirmou o executivo, em entrevista após a divulgação dos resultados da companhia em 2008.

O pacote de ajuda vem sendo elaborado desde antes da crise, para garantir maior competitividade à indústria brasileira, mas ganhou força após o enxugamento do crédito no mercado internacional.

Os dois FDIC começarão com um aporte de US$ 100 milhões cada, que serão feitos pela estatal, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e por um banco comercial em cada fundo - Banco do Brasil e HSBC.

Dependendo da demanda, o volume de recursos será ampliado em aportes de R$ 100 milhões, até atingir o limite de R$ 1 bilhão.

O objetivo dos fundos é garantir fluxo de caixa aos fornecedores, para que consigam sustentar a compra de insumos e o pagamento de funcionários durante o processo de fabricação de equipamentos.

Nesse sentido, a estatal já vem antecipando, por conta própria, faturas para seus fornecedores, reduzindo o prazo de pagamento dos 30 dias normais para cinco dias.

Esse esforço foi intensificado no fim do ano passado, após o recrudescimento da crise. Apenas em dezembro, foram antecipados R$ 758 milhões, valor 132% superior ao registrado em julho. A soma do quarto trimestre chega a R$ 1,7 bilhão.

Barbassa afirmou, porém, que já vem sentido sinais de redução da demanda pela antecipação de pagamentos, confirmados pela queda no volume liberado em fevereiro (R$ 500 milhões).

Outro esforço nesse pacote, já detalhado pelo Estado, é a divulgação no mercado internacional da demanda por equipamentos gerada pelo plano de investimentos da companhia nos próximos cinco anos, que soma US$ 174 bilhões.

"Queremos atrair empresários estrangeiros para produzir no Brasil", comentou o diretor da Petrobras.