Título: Com confiança, bolsas disparam
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/04/2009, Economia, p. B6

Resultado do G-20 levou otimismo aos investidores do mundo todo; Ibovespa tem o maior nível em seis meses

O resultado da reunião do G-20 agradou aos investidores e levou otimismo às bolsas de valores do mundo todo. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), por exemplo, avançou 4,19% ontem e fechou com a maior pontuação em exatamente seis meses - 43.736 pontos.

Nos EUA, o Índice Dow Jones, o mais tradicional da Bolsa de Nova York, subiu 2,79% e a bolsa eletrônica Nasdaq, 3,29%. Na Europa, o Índice CAC, de Paris, avançou 5,37% e o DAX, de Frankfurt, 6,07%.

"Todo mundo está comprando humor", definiu o diretor de pesquisas de corretagem da Canaccord Adams, Eric Ross. "Todos estão se sentindo bem. Muito disso é apenas confiança."

No caso específico das bolsas americanas, os números também foram influenciados pela decisão do governo de afrouxar as regras de contabilização dos papéis tóxicos detidos pelos bancos . Os índices acionários só não avançaram mais porque parte dos investidores preferiu se manter cautelosa à espera dos dados do mercado de trabalho relativos a março, que saem hoje.

"As pessoas estão preocupadas a respeito (do relatório), então, na última hora, vimos um movimento de venda", afirmou o diretor gerente e chefe de investimentos da 300 North Capital, Richard Campagna.

Um dos motivos que explicaram a alta do Ibovespa ontem foi a volta dos estrangeiros. O volume de negócios somou R$ 5,890 bilhões, bem acima da média de 2009, de R$ 3,915 bilhões.

A euforia impulsionou também os preços das commodities, que fecharam com altas consideráveis e também acabaram por reforçar os ganhos da bolsa brasileira - muito concentrada em ações de empresas que de commodities.

Em março, o índice CRB, que monitora o desempenho de uma cesta composta por metais, energia e produtos agrícolas, teve ganhos de 4,17%. Foi o primeiro resultado mensal positivo desde junho de 2008, quando o CRB subiu 9,6% e atingiu sua pontuação máxima.

Os papéis da Vale tiveram desempenho melhor que os da Petrobrás porque estavam mais defasados - até o fim de março, os ganhos da mineradora no ano eram de menos da metade (ao redor de 12%) do que os da petrolífera (mais de 25%). A ação ordinária (ON) da Vale terminou o pregão com valorização de 6,57% e a PNA, de 6,10%. A ação ON da Petrobrás subiu 4,92% e a preferencial (PN), 3,74%.

No começo da semana, o encontro do G-20 era visto com pessimismo pelos investidores, justamente por causa da perspectiva remota de que alguma ajuda adicional fosse anunciada para a economia global.

FUTURO AINDA INCERTO

Segundo especialistas, apesar do clima melhor do mercado ontem, hoje (e nos próximos dias) tudo pode acontecer. Isso significa que os investidores já podem engatar uma realização de lucros, principalmente se os dados do mercado de trabalho americano vierem piores do que as previsões.

"Hoje (ontem) já teve bastante venda à tarde. Os preços subiram muito mais cedo e isso abriu espaço para uma correção", comentou um operador.

CLAUDIA VIOLANTE E AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

FRASE

Eric Ross Diretor de Pesquisas e Corretagem da Canaccord Adams

"Todo mundo está comprando humor. Todos (os investidores) estão se sentindo bem. Muito disso é apenas confiança"