Título: Meirelles diz que queda de taxa de juro é responsável
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/03/2009, Economia, p. B7

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, reagiu ontem aos insistentes apelos para uma queda mais rápida dos juros, que partiram de integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), dizendo que a redução da taxa precisa ser feita com responsabilidade. "E responsabilidade significa que essa queda tem que ser feita na medida do possível", afirmou.

Durante sua exposição no seminário sobre o desenvolvimento, realizado ontem pelo CDES, Meirelles apresentou vários gráficos e tabelas que mostravam as vantagens comparativas do Brasil em relação a outros países, no enfrentamento da crise.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, Jorge Nazareno, disse ter estranhado o fato de Meirelles não ter apresentado um gráfico comparando os juros do Brasil com a de outras nações. "Veríamos que temos a maior taxa de juro do mundo", afirmou Nazareno, que é membro do CDES. Ele foi aplaudido pelos presentes.

A empresária Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, também pediu que Meirelles desse uma boa notícia aos integrantes do CDES. "Eu sei que tem o problema do spread, que é muito alto no Brasil, mas ministro Meirelles só abaixar a taxa (Selic) já iria melhorar para todo mundo", disse Luiza Trajano.

Em resposta, Meirelles argumentou que todas as vantagens comparativas do Brasil em relação a outros países e todos os bons resultados da economia dos últimos anos foram conseguidos com responsabilidade: "Os resultados dos últimos anos foram sem paralelos na história recente do Brasil. Houve aumento expressivo da massa salarial, criação de emprego, inflação controlada e crescimento de 5% da economia. Tudo que se conseguiu no Brasil, nesse período, foi com responsabilidade".

SEGUNDA FASE

Meirelles disse ontem que a crise entrará agora em sua "segunda fase", que afetará mais os países em desenvolvimento. Ele explicou que, na primeira fase da crise, os bancos internacionais concentraram os seus empréstimos nos seus próprios países, pressionados pelos governos locais, e cortaram as linhas de empréstimos aos demais países.Essa escassez de crédito internacional está causando problemas a vários países emergentes, explicou Meirelles.

COLABOROU LEONENCIO NOSSA