Título: Jorge defende atrelar redução do IPI à garantia de emprego
Autor: Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/03/2009, Economia, p. B10

Hoje é mais fácil indústria aceitar acordo, diz ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

Fabio Graner, BRASÍLIA

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, defendeu ontem, nas negociações para uma eventual prorrogação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para veículos, a exigência de que as montadoras preservem de empregos no setor. Foi a primeira manifestação aberta de um integrante do alto escalão do governo em favor de atrelar o benefício tributário ao compromisso das empresas de não demitir funcionários.

"Pessoalmente, avalio que se pode fazer uma vinculação da medida com manutenção de empregos. Creio que não haveria problema para a indústria sobre isso. Hoje é bem mais fácil a indústria aceitar um acordo desse tipo porque houve recuperação do setor. Seria natural que o governo colocasse isso na mesa", afirmou Miguel Jorge. A vinculação entre incentivo e empregos está sendo avaliada também pelo Ministério da Fazenda.

A medida é defendida ainda pelo presidente da Central Única de Trabalhadores (CUT), Artur Henrique Silva Santos. O sindicalista afirmou que não foi, até agora, chamado para nenhuma negociação sobre o assunto e lembrou que, quando decidiu reduzir o IPI pela primeira vez, o governo, apesar dos apelos dos trabalhadores, não impôs essa cláusula às montadoras.

Depois da trapalhada e do mal-estar causado pela divulgação de uma nota dizendo que o governo tinha decidido não prorrogar o IPI mais baixo dos carros, que vence em 31 de março, Miguel Jorge, ontem foi menos enfático. "Por enquanto, a medida vai até 31 de março. O futuro a Deus pertence", disse ele. "É muito cedo para anunciar uma prorrogação", acrescentou.

O ministro destacou que a eventual continuidade do benefício será decidida após análise dos efeitos do mesmo. "Não se pode dar como certa a prorrogação da redução do IPI. A chance é de 50% para cada lado", afirmou Jorge, se diz pessoalmente contra a prorrogação do desconto no imposto.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sintetizou o drama do governo diante das notícias da provável prorrogação do benefício tributário e dos desmentidos posteriores. "Isso é o tipo da decisão que a gente não pode brincar. Se eu anuncio que não vou prorrogar, faço corrida aos carros. Se falo que vou prorrogar, faço parada (na compra de carros)", disse Lula ao Estado.

COLABORARAM TÂNIA MONTEIRO E ADRIANA FERNANDES