Título: Metalúrgicos vivem na pele temperatura dos anos 70
Autor: Duailibi, Julia; Almeida, Roberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/03/2009, Nacional, p. A10

Metalúrgico que vira ator, ator que vira metalúrgico. Durante as filmagens do longa Lula, O Filho do Brasil, a produção pagou diárias de R$ 80 para metalúrgicos da região do ABC paulista que fizeram figuração no filme. Desempregados em razão da crise, toparam um bico no longa sobre a vida do presidente.

Os metalúrgicos de verdade fizeram figuração ao lado do ator Rui Ricardo Diaz, que interpreta três momentos na vida de Lula, inclusive o sindicalista da década de 70. Ao lado do ator, participaram da filmagem do célebre comício de Lula no estádio da Vila Euclides, em 1978.

A produção, que tem 128 atores no elenco, filmou no Nordeste, em Santos e na Grande São Paulo. As cenas foram rodadas em locações pinçadas após dois meses de garimpo. Só uma precisou de estúdio: a do velório de d. Lindu, mãe de Lula, que morreu em 1980. A cena mostrará um desabamento, no momento em que as pessoas estavam ao lado do caixão. "Essa é a hora que as pessoas vão dizer ?não acredito que isso aconteceu?", disse a produtora do filme, Paula Barreto.

A ideia de fazer o filme nasceu do produtor Luiz Carlos Barreto, o Barretão, após ler o livro Lula, O Filho do Brasil, de Denise Paraná. A obra foi indicada por Gilberto Carvalho, hoje chefe-de-gabinete de Lula, a quem Barretão recorreu para saber mais sobre a vida do ex-sindicalista. Para completar a pesquisa, o diretor, Fábio Barreto, esteve no Palácio do Planalto para entrevistar Lula. E os atores, como Glória Pires, que faz d. Lindu, e Cléo Pires, que faz a primeira mulher de Lula, se reuniram com os Silva em um churrasco no final do ano passado para colher mais detalhes familiares.

O filme termina de rodar em duas semanas. O slogan será: "Você conhece esse homem, mas não conhece sua história."