Título: Lançamento representa perigo real aos EUA
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/04/2009, Internacional, p. A10

O lançamento do gigante Taepondog-2 não deve ser subestimado: o foguete lançado em Musudan cumpriu sua trajetória, abriu dois estágios e talvez só tenha falhado na separação de uma eventual célula de transporte de um satélite. Se levasse uma carga de ataque poderia ter atingido qualquer ponto do Japão ou da Coreia do Sul. Não teria, ainda, capacidade para chegar ao Alasca ou ao Havaí. Questão de refino da máquina.

Ontem, o especialista David Wright, da Universidade Cambridge, admitiu sem rodeios que o veículo norte-coreano "pode transportar, sim, mil quilos a até 6 mil km, até perto do Alasca".

Não é a primeira surpresa na pesquisa e desenvolvimento das armas estratégicas, de destruição em massa, do governo de Kim Jong-il. No dia 9 de outubro de 2006 o país explodiu um artefato nuclear de potência média. O teste foi considerado "tecnicamente correto" pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da ONU. O ensaio subterrâneo não era esperado, conforme revelou no dia seguinte o então presidente dos EUA, George W. Bush.

O desdém do Ocidente em relação aos programas militares de Pyongyang já resultou na criação de um bem treinado e equipado Exército, formado por 1,2 milhão de soldados. Há ainda um variado arsenal de mísseis, cerca de mil deles, convencionais. A maioria, 600 unidades, é de alcance curto, na faixa entre 150 km e 400 km.

No limite de 600 km está o Hwasong-6 e, além dele, o tipo X-7, para atingir alvos situados no raio dos 700 km a 800 km. Ambos são derivados diretos de velhos Scud, fornecidos a Pyongyang pela extinta União Soviética.

O projeto do míssil de longo alcance começou com o Taepondog-1, de dois estágios, uma combinação de outros modelos. "Robusto e confiável, atingiu objetivos a 2.200 km", segundo Timoty Brown, da agência de estudos GlobalSecurity. O Taeopondog-2 teve problemas na versão inicial, de 2006. Foi simplificado e replanejado. Ontem, funcionou.