Título: Crise nos bancos médios prejudicou empresas
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/04/2009, Economia, p. B1

Em entrevista ao Estado, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que as dificuldades enfrentadas pelos bancos pequenos e médios afetaram especialmente o crédito de empresas também pequenas e médias.

Em alguns setores, os bancos pequenos e médios chegam a responder por 40% dos empréstimos. Sem acesso a capital de giro, muitas empresas estão deixando de honrar seus compromissos, o que levou a um grande aumento da inadimplência nos últimos meses.

O governo busca formas de reativar as operações dessas instituições, seja ampliando as garantias para a captação de recursos ou incentivando a Caixapar, recém-criada subsidiária da Caixa Econômica Federal, a comprar participações acionárias e reforçar o capital dos bancos.

Para os especialistas, o efeito da concentração bancária (taxas de juros, spreads, etc) é alvo de polêmica há muito tempo. De um lado, estão analistas como Alberto Borges Matias, da USP. De outro, especialistas como Márcio Nakane, também da USP, e consultor técnico da Tendências Consultoria. Para Nakane, estudos mostram que um menor número de bancos é positivo para as pequenas e médias empresas. "Eles conseguem se relacionar mais de perto com os clientes."

O economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Rubens Sardenberg, rechaça a ideia de que a concentração seja ruim. "Uma evidência é que, antes da crise, os spreads vinham caindo ao mesmo tempo em que crescia a concentração." Em relação à queda no volume de crédito, ele afirma que a demanda também caiu por causa da crise.