Título: Brasil entra no clube credor do FMI
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2009, Economia, p. B1

Convidado oficialmente ontem para integrar o clube de países credores do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil poderá emprestar de imediato até US$ 4,5 bilhões ao organismo multilatAdriana Fernandes, BRASÍLIA eral para ajudar aos países emergentes e mais pobres que passam por dificuldades com a crise financeira mundial. Em pronunciamento, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou que o governo aceitou o convite e que está disposto também a fazer outro aporte de recursos quando o FMI criar um título especial (Bond) para disponibilizar aos países que querem fazer empréstimos adicionais nesse momento de crise, sem que as suas reservas internacionais sejam afetadas.

O segundo aporte de dinheiro ao FMI foi prometido, na semana passada, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reunião de cúpula do G-20. Na ocasião, Lula informou que poderia disponibilizar até 5% das reservas (US$ 10 bilhões) e chegou a chamar de "chique" o Brasil emprestar ao FMI.

Ao comunicar ontem que o Brasil vai entrar para elite do FMI no dia 1º de maio, Mantega repetiu Lula. Disse que é "chique" e que a inclusão nesse "clube" é importante para o Brasil, porque é formando por países que têm economia sólida e reservas. De acordo com documento divulgado ontem pelo Ministério da Fazenda, na avaliação do staff do Fundo o Brasil foi considerado um país que preserva contas externas fortes "em meio à mais grave crise internacional desde a 2ª Guerra Mundial". Por isso, o convite foi feito.

Dos 185 membros do FMI, apenas 47 países integram o chamado Plano de Transações Financeiras (PTF), que é mecanismo pelo qual o Fundo financia as suas operações de empréstimo. O ministro explicou que o limite de US$ 4,5 bilhões representa o valor da cota que o Brasil tem no FMI, mas "não quer dizer que vamos colocar o dinheiro agora". Caso o Brasil seja chamado pelo FMI a emprestar, explicou Mantega, o governo recebe Direitos Especiais de Saque do Fundo, instrumento financeiro que podem ser contabilizado como ativo nas reservas. Dessa forma, disse ele, num eventual aporte ao Fundo, as reservas internacionais não serão afetadas.

O mesmo ocorrerá com o segundo aporte de dinheiro que o Brasil pretende fazer. O ministro disse que o empréstimo na modalidade desse título que o FMI vai criar funcionará como uma aplicação num bônus, que pode ser contabilizada nas reservas. "Só podemos fazer aportes que mantenham nossas reservas num mesmo patamar", disse.

A preocupação do ministro em não afetar as reservas está relacionada como a polêmica criada depois que o presidente Lula anunciou que o Brasil iria emprestar ao Fundo. Muitos políticos - principalmente os prefeitos - passaram a cobrar do governo ajuda maior na crise já que o governo tinha dinheiro de sobra para dar ao Fundo.