Título: Protógenes diz a CPI que Abin ajudou PF em 160 operações
Autor: Scinocca, Ana Paula; Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/04/2009, Nacional, p. A6

Ele alegou que prática é legal e negou ter investigado Dilma ou ?Lulinha?

Ana Paula Scinocca e Luciana Nunes Leal, BRASÍLIA

O delegado Protógenes Queiroz, da Polícia Federal, contestou ontem, na CPI dos Grampos, a acusação de que a participação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na Operação Satiagraha foi irregular. "Está dentro da legalidade a participação da Abin em ações da Polícia Federal", afirmou. "E não foi apenas na Satiagraha: foram mais de 160 operações."

A participação de arapongas na Satiagraha é apontada como irregular pela própria corregedoria da PF. Protegido por um habeas corpus que lhe garantia o direito de ficar calado para não se autoincriminar, Protógenes não respondeu à maioria das perguntas em seu segundo depoimento à CPI, na Câmara.

"Excelentíssimo senhor presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, deputado federal Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), cujo objeto jurídico é a interceptação telefônica clandestina de dados, eu me abstenho de responder à pergunta", repetiu dezenas de vezes.

O ex-chefe da operação que resultou na prisão temporária do banqueiro Daniel Dantas, negou que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, esteve entre as autoridades bisbilhotadas. Negar também que o filho do presidente, Fábio Luiz, o Lulinha, tenha sido investigado: "Não existe um mínimo de fragmento contra o filho do presidente Lula."

Inicialmente, Protógenes recusou-se a responder sobre a investigação de Dilma. Depois afirmou que ela não foi investigada. Ao ser indagado sobre a investigação do ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), voltou a silenciar.

Protógenes frustrou expectativas. "Ele havia prometido fazer revelações. Não fez nada disso", desabafou o deputado Raul Jungmann (PPS-PE).

O depoimento reuniu deputados que raramente aparecem nas sessões da CPI. Entres os presentes estavam parlamentares que o apoiam - a maior parte do PSOL - e uma claque de pouco mais de dez pessoas usando camisetas com a inscrição "Protógenes contra a corrupção".

O PSOL, que normalmente atua de forma combativa nas CPIs, desta vez esforçou-se para "blindar" o inquirido. Sob a orientação de advogados, Protógenes assegurou que nenhuma interceptação telefônica na Satiagraha foi ilegal.

O delegado foi indiciado por violar sigilo funcional e compartilhar dados com a Abin. Ele classificou as acusações de injustas e disse que "segurança jurídica neste país só se tem para a minoria". Mostrou reportagem do Estado, de janeiro, sobre relatório da PF a respeito de sua conduta na Satiagraha.

FRASES

Protógenes Queiroz Delegado da PF

"Não existe um mínimo de fragmento contra o filho do presidente Lula"

"Todas (interceptações) foram com autorização judicial e com fiscalização do Ministério Público"

Raul Jungmann Deputado (PPS-PE)

"Ele havia prometido fazer revelações. Não fez nada disso"