Título: Estaleiro Mauá demite pessoal mais qualificado
Autor: Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/04/2009, Economia, p. B11
Atraso em encomenda da Petrobras leva empresa a cortar 97 vagas
Daniele Carvalho e Kelly Lima
A falta de grandes obras para os próximos meses levou o Estaleiro Mauá, localizado em Niterói, região metropolitana do Rio, a confirmar a demissão de 97 funcionários. De acordo com a empresa, o grupo é formado por profissionais de nível gerencial e engenheiros e não se estende aos operários. Entre os empregados, no entanto, o comentário é de que os cortes podem chegar a 200.
Entre as expectativas frustradas de obras esperadas pelo Estaleiro Mauá estava o contrato para a construção da plataforma P-62 da Petrobrás. No ano passado, a petroleira havia decidido clonar um projeto anterior feito pelo estaleiro para a P-62. Pela legislação, a construção de uma unidade idêntica, feita no mesmo estaleiro, dispensa licitação e isso agilizaria o processo. Mas a encomenda não foi aprovada pela diretoria e ainda está sob impasse dentro da empresa.
Como o processo de decisão sobre o andamento da construção desta plataforma ainda não foi finalizado, e não houve novas encomendas de grande porte por parte da Petrobrás, o Estaleiro Mauá decidiu reduzir seu contingente, atualmente de 5,2 mil empregados.
"Fizemos um ajuste porque tínhamos a expectativa de obras como a construção da P-62 e a manutenção da P-10 e P-23, que não aconteceram. Esse pessoal ficou sem ocupação", afirma o diretor administrativo-financeiro do Estaleiro Mauá, José Fernandez Vidal. Ele garante que não estão previstas mais demissões para os próximos meses.
O número de funcionários seria acima do necessário mesmo levando-se em conta a construção de quatro navios encomendados pela Transpetro , que deve ter início no fim do ano. "O aço deve chegar ainda este mês, mas as obras só devem ter início no final do ano", acrescenta Vidal.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói ainda espera informações oficiais da empresa sobre as demissões. Até o fim do expediente de ontem, a entidade não sabia ao certo o número de funcionários dispensados pelo estaleiro.
FATO ISOLADO
O diretor de Política Sindical da entidade, Gilberto Ramos César, avalia que as demissões ocorridas no Estaleiro Mauá são um fato isolado na região. "Os demais estaleiros estão com obras contratadas e não há expectativa de cortes", diz ele.
Apesar das demissões, o diretor do Estaleiro Mauá argumenta que a empresa contratou nos dois últimos meses mais de 100 funcionários para tocar as obras da plataforma de gás que vai operar no campo de Mexilhão.