Título: Petrobras pode adiar licitações de plataformas
Autor: Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/04/2009, Economia, p. B11
Decisão pode ser causada pela divergência da estatal com fornecedores em relação aos preços dos oito navios para o pré-sal da Bacia de Santos
Kelly Lima
A queda de braço da Petrobrás com fornecedores por preços menores em novas contratações de oito navios-plataforma, chamados de FPSOS (Floating Production Storage Offloading), vem esquentando e pode fazer com que as contratações da estatal sejam adiadas. Enquanto os fornecedores ameaçam esvaziar a licitação dos oito navios, que vão atuar na camada pré-sal da Bacia de Santos, fonte da Petrobrás diz que não está descartado o adiamento da licitação, se os preços não forem satisfatórios.
Segundo fontes do setor, das 13 empresas convidadas a disputar a licitação, apenas quatro (sem experiência anterior nesse tipo de construção) vão apresentar no dia 14 a documentação para a disputa da obra, avaliada pelo mercado em cerca de US$ 7 bilhões só para a construção dos oito cascos. Considerando o sistema completo de produção, o investimento neste equipamento atinge US$ 15 bilhões.
A Petrobrás não comentou o assunto. Segundo uma fonte da estatal, "é bem provável que a licitação seja cancelada" se os preços não chegarem ao limite imposto pela empresa em seu orçamento. Segundo o Estado apurou, esta linha de corte estaria na casa dos US$ 550 milhões por casco. Mas as empresas afirmam que dificilmente um casco saia por menos de US$ 800 milhões, valor que vem sendo negociado no mercado internacional por unidade semelhante.
"Este preço considera toda uma linha de produção em série já existente, na Coreia, na China ou em Cingapura. Mas, no caso do Brasil, será necessário ainda estruturar esta linha de montagem", disse o representante de uma terceira empresa. Todos os citados na matéria optaram por omitir seus nomes.
A tendência, avaliam as mesmas fontes, é de que a licitação seja cancelada e relançada no segundo semestre, quando não só os equipamentos internacionais poderão estar com preços mais acessíveis quanto as próprias empresas deverão precificar um risco menor para as obras. "O cronograma é apertado, o orçamento é baixo, as exigências são muitas e as multas para quem não cumprir o contrato são altíssimas. Quem vai entrar numa empreitada destas?", questionou o representante de uma empresa convidada, que ficará fora da licitação porque a diretoria internacional não aprovou o risco.
Segundo a fonte, um dos principais empecilhos é o fato de a Petrobrás exigir que os oito cascos sejam construídos no dique seco arrendado no Rio Grande. Porém, segundo técnicos do setor, o estaleiro que está hoje ocupado com a obras da P-55 tem capacidade para cortar apenas mil toneladas de aço ao dia. Para cumprir o cronograma de entrega dos FPSOs a partir de 2012 seria necessária capacidade de corte de 5 a 6 mil toneladas ao dia.
"Uma possibilidade é arrendar a área localizada ao lado do dique seco para fazer esta obra, mas isso encarece o projeto", avaliou outro representante de empresa que também desistiu da obra.