Título: Regras podem mudar, diz Lula
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/04/2009, Economia, p. B3

Aplicações tendem mesmo a ser limitadas a R$ 5 mil

Tânia Monteiro

"A poupança é para guardar os interesses da maioria da população, que tem pouco dinheiro". A frase é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sinaliza que o governo pode mesmo, como antecipou ontem o Estado, limitar as aplicações na mais popular aplicação do País a R$ 5 mil, protegendo assim o pequeno poupador.

O governo estuda mudanças na caderneta porque, com a queda dos juros, hoje em 11,25% ao ano, a rentabilidade da poupança - que é garantida por lei - tende a ficar muito maior que a dos fundos. E, com isso, pode haver uma grande migração de recursos dos fundos e de aplicações em títulos públicos para a poupança.

Ontem, ao final de uma solenidade de apresentação de novos oficiais generais, no Palácio do Buriti, o presidente confirmou que o governo está estudando mudanças no cálculo dos rendimentos da poupança. Ele disse que vai conversar com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre o assunto, mas não especificou uma data.

"Vamos discutir tudo com muita cautela. Primeiro precisamos proteger o pequeno poupador. Segundo, nós não podemos permitir que pessoas que têm muito dinheiro utilizem o dinheiro para aplicar na poupança. A poupança é para guardar os interesses da maioria da população, que tem pouco dinheiro, para que ela não tenha prejuízo. Nós queremos preservar aquilo que nós temos de mais sagrado, que são os poupadores brasileiros. Nas coisas de economia, a gente não pode tomar medidas precipitadas", afirmou o presidente.

Com a queda nas taxas de juro, o presidente defendeu que haja equilíbrio, "porque senão não é mais poupança, passa a ser investimento".

Na expectativa de novas tesouradas na taxa básica de juros (Selic) - em níveis que podem variar entre 2 e 2,5 pontos porcentuais até junho -, a equipe econômica estuda agora a possibilidade de limitar as aplicações na mais popular aplicação do País a R$ 5 mil.

Segundo levantamento da equipe econômica, 92% dos depósitos da caderneta de poupança não ultrapassam os R$ 5 mil.