Título: Lobão confirma baixa do diesel
Autor: Marques, Gerusa; Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/04/2009, Economia, p. B5

Ministro ressalta que queda de preço não ocorrerá já

Gerusa Marques, Nicola Pamplona, Célia Froufe e Renata Veríssimo

O Ministério de Minas e Energia confirmou ontem que o governo estuda reduzir o preço do diesel, conforme reportagem publicada ontem pelo Estado. No entanto, o ministro Edison Lobão disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que a decisão não será imediata.

Segundo ele, o governo criou um grupo de trabalho para discutir o assunto, com o objetivo de evitar prejuízos à Petrobrás. O preço da gasolina deve permanecer como está.

As declarações tiveram forte impacto no mercado financeiro. As ações da Petrobrás chegaram a cair quase 4% durante o pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). No fim do dia, as ações ordinários fecharam em queda de 2,54% e as preferenciais, de 1,70%. "O diesel representa quase um terço das vendas da empresa. Qualquer redução tem impacto relevante", comentou um analista.

Lobão disse, porém, que o governo vai calcular se a companhia já recuperou o lucro perdido quando manteve os preços internos abaixo das cotações internacionais. No início da noite, ele disse que os estudos só deverão ser concluídos em quatro ou cinco meses, mas fontes próximas à Petrobrás dizem que há uma corrente que defende redução já em maio, mesmo que com porcentual pequeno.

A possibilidade de queda no preço do diesel também foi tema de declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em audiência na Câmara dos Deputados, ele afirmou que "em algum momento" os preços terão de cair, acompanhando a trajetória internacional. Mantega comentava a alta de custos do setor agrícola, um dos principais consumidores do combustível.

Em geral, analistas do mercado trabalham com a possibilidade de reajustes no segundo semestre. "Todo mundo sabe que uma hora vai cair, mas acredito que será mais para a frente", diz o analista da Ágora Corretora Luiz Otávio Broad, que considerou exagerada a reação dos investidores. O preço interno do diesel está hoje cerca de 50% acima da cotação externa. Na gasolina, a diferença está em torno de 30%.

Lobão afirmou, porém, que uma redução no preço da gasolina é menos provável. Segundo ele, a última alta no preço "foi tímida" e não compensou as perdas".