Título: PF se isenta de ligação com relatório sobre Martins
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/04/2009, Nacional, p. A9

As investigações realizadas pela Polícia Federal do Rio já confirmaram que não foi preparado por nenhum de seus órgão o chamado "relatório de inteligência", com acusações ao diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Victor Martins, irmão do ministro Franklin Martins.

A PF, porém, ainda não tem como dizer se as informações contidas no documento são verdadeiras ou falsas. Ela só poderá afirmar isso ao dar prosseguimento à investigação sobre os reajustes dos repasses de royalties a alguns municípios, o que está sendo feito em inquérito aberto em novembro de 2007, que estava paralisado. O inquérito foi remetido à Procuradoria da República e, apesar de já liberado pelo procurador Marcelo Freire com mais 30 dias para as investigações, ainda não chegou à Delegacia Fazendária.

A informação de que o relatório - que chegou a ser noticiado como peça da Diretoria de Inteligência da PF - não foi preparado dentro do departamento será divulgada oficialmente pelo superintendente da instituição no Rio, Ângelo Gióia, na próxima semana. Nos próximos dias, a polícia quer concluir as investigações sobre a elaboração do relatório e sua divulgação à imprensa. Admite-se na superintendência que o documento saiu da ANP. Mas essa hipótese ainda precisa ser confirmada, assim como a avaliação de que pode se tratar do fruto de uma disputa política.

O documento tinha as mesmas características de documentos de inteligência policial, dando detalhes dos chamados "suspeitos", apresentando fotos e dados pessoais. Ele acusa Martins de beneficiar com aumentos dos repasses de royalties municípios que teriam contratado a assessoria da empresa Análise Consultoria, da qual ele e a mulher, Josenia Seabra, são sócios.

O documento também afirma que o ex-assessor de Martins na ANP, o engenheiro Newton Simão, deixou o órgão e foi trabalhar na consultoria Petrobonus. A empresa é responsável pelo pedido de reajuste dos royalties de Angra dos Reis, que acabou sendo atendido pela ANP.

O documento apontado como "relatório de inteligência" não constava do inquérito aberto para apurar os aumentos nos repasses de royalties, até ele ser noticiado no início do mês. A notícia dizia ser um relatório preparado pela inteligência da Polícia Federal que tinha sido entregue ao diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, e por ele engavetado.