Título: Preço nas lojas cai a partir de hoje
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/04/2009, Economia, p. B3

Além dos descontos, que podem chegar a 9% para a linha branca, prazo para pagar será ampliado para 18 meses

Márcia De Chiara

A partir de hoje, as grandes redes de eletrodomésticos vão repassar para o consumidor o corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre fogões, geladeiras, máquinas de lavar automáticas e tanquinhos, anunciado ontem pelo governo. Além dos descontos, que podem chegar a 9% sobre o preço antigo de etiqueta, as redes decidiram ampliar o prazo de pagamento, chegando a 18 vezes sem juros. A expectativa é de aumentar em até 20% as vendas.

"Vamos repassar integralmente a redução do IPI", afirma o diretor do Grupo Pão de Açúcar, Jorge Herzog. Para ampliar em 20% as vendas da linha branca, a rede decidiu dar um bônus de 5% no valor do produto com corte de IPI. O bônus poderá ser convertido em compras de outros itens na loja. Também vai parcelar os produtos beneficiados pela decisão do governo em até 15 vezes, sem acréscimo, no cartão Extra, ou em 10 vezes em outros cartões. O parcelamento e o bônus são validos até terça-feira.

No Carrefour, outra rede que vai repassar a partir de hoje o corte no IPI, o parcelamento sem juros no cartão próprio é de até 18 vezes, e essa modalidade de financiamento será mantida durante os três meses de vigência do IPI reduzido. Wal-Mart, Magazine Luiza e Casas Bahia também informam que farão a partir de hoje o repasse do corte do imposto.

Uma simulação feita pela empresa especializada em pesquisa de preços no varejo, a Shopping Brasil, revela que a redução de preços para o consumidor final pode chegar a 9%. Exemplo: um tanquinho, cujo preço mais frequente no varejo é R$ 329, pode sair por R$ 299, depois de ter o IPI zerado.

José Roberto de Almeida Resende, presidente da Shopping Brasil e responsável pelo cálculos feitos a pedido do Estado, pondera que as reduções podem ter pequenas oscilações em razão das estratégias fiscais na cobrança de ICMS, PIS e Cofins de cada Estado. Ele lembra também que o repasse poderá ter impacto menor no bolso do consumidor porque hoje a indústria e o varejo vivem um momento de queda de braço por causa de pressões de custos ocorridas no passado.

OTIMISMO

De toda forma, a indústria está otimista com o corte de IPI. "A redução de preços para o consumidor será significativa", afirma Lourival Kiçula, presidente da Eletros, associação que reúne os fabricantes de eletroeletrônicos. Segundo o executivo, que participou do encontro com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a expectativa do setor é de reverter a queda de 10% nas vendas da linha branca, registrada no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2008.

Patricio Mendizábal, presidente da Mabe, dona das marcas GE e Dako, conta que na tarde ontem, após o anúncio da redução do IPI, recebeu telefonemas de grandes redes varejistas interessadas em ampliar a oferta dos itens beneficiados pela decisão do governo. "No curto prazo, a linha branca poderá repetir o que ocorreu com os automóveis depois da redução do IPI", prevê Mendizábal.

Armando Vale, diretor de Relações Institucionais da Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul, que também esteve presente ao encontro, diz que o corte do IPI é importante. "Mas não é só isso." Segundo ele, o governo acenou com linhas de crédito para estimular as vendas no varejo. "O fluxo de crédito é tão importante quanto o corte de imposto. Isso foi dito hoje (ontem)."

Para Valdemir Dantas, presidente da Latina, fabricante de tanquinhos, o corte do IPI pode reduzir em 6% o preço do produto e ampliar em 5% as contratações.