Título: BNDES vai apoiar a consolidação de empresas
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/04/2009, Economia, p. B4

Segundo diretor de mercado de capitais, o banco pode até financiar uma eventual fusão entre Sadia e Perdigão

Mônica Ciarelli

Diante da forte retração da economia mundial, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pretende aproveitar seu papel de instituição pública para apoiar a consolidação de empresas no País. "A consolidação empresarial é uma das nossas prioridades", disse o diretor da área de mercados de capitais do BNDES, Eduardo Rathfingerl. O executivo não adianta em que operações vem trabalhando, mas admite a possibilidade de o banco financiar uma possível fusão entre Sadia e Perdigão.

"Se houver lógica nessa participação, vamos estudar (...) Se nos procurarem e a proposta for boa, isso fará parte dessa estratégia de consolidação. Mas, por enquanto, a gente não faz parte dessa negociação", contou ontem Rathfingerl, após participar de palestra sobre governança corporativa promovida pela Câmara França-Brasil.

Dono da maior carteira brasileira de ações, o BNDES quer reforçar a presença no segmento de renda variável este ano. Hoje a instituição tem presença direta em 186 empresas de capital aberto no País. Por causa da crise global, o diretor acredita que o volume de compra de ações pelo banco será maior que o desinvestimento este ano.

Antes do agravamento da crise, em setembro do ano passado, com a quebra do banco americano Lehman Brothers, a carteira de renda variável do BNDES passava por uma grande reciclagem. Só em 2009, o giro da carteira somou R$ 22 bilhões.

Outro segmento que também pode ganhar apoio do banco é o de frigoríficos. Nos últimos dois anos, o BNDES aportou capital nas maiores empresas do ramo, com destaque para financiamento da internacionalização do JBS Friboi. "Se aparecer uma oportunidade de consolidação nesse setor, assim como em outros, vamos estudar."

Segundo ele, o importante hoje não é a quantidade de operações em que o banco está envolvido e, sim, a qualidade desses processos de reestruturação e o impacto positivo que eles podem trazer à economia brasileira. "Queremos a consolidação de grandes grupos capazes de competir internacionalmente, de levar a diante suas estratégias, de levar adiante seus projetos de investimento."

O diretor pondera que nesses momentos de crise é que os bancos de fomento, como o BNDES, têm papel "importantíssimo". "Quando o BNDES entra numa empresa e participa dos investimentos, facilita a presença de outros investidores."