Título: O mercado não comporta muito crescimento
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2009, Economia, p. B3

Indústrias de produtos cuja compra é determinada mais por fatores racionais e menos por impulso traçam cenário negativo para as vendas domésticas. O diretor geral da Honeywell, José Rubens Vicari, diz que a empresa de turbos compressores para caminhões, ônibus e máquinas agrícolas registrou queda de 50% nas vendas para a Argentina no primeiro trimestre. No mercado interno, o recuo foi de 10% a 15%. "Estamos tentando compensar a queda nas exportações com vendas internas, mas é complicado", diz. Mesmo com incentivos do governo para compra de caminhões e tratores, ele observa que a demanda é mais racional e não tem o apelo da compra por impulso como ocorre com automóveis.

"Não dá para compensar a queda nas exportações no mercado doméstico. Para quem vou vender?", pergunta Luiz Tarquínio Sardinha Ferro, presidente da Tupy, maior fundição da América Latina, especializada em blocos e cabeçotes para máquinas agrícolas, caminhões e ônibus. Esses produtos têm uso específico e praticamente são feitos sob encomenda. "Um bloco de motor de ferro fundido que levamos dois anos e meio para desenvolver não se aplica a outros veículos." Para atenuar a queda de 48% na exportação, a empresa, que tem mais da metade da produção voltada ao mercado externo, intensificou a busca por clientes em regiões menos atingidas pela crise.

"Buscamos novos clientes fora dos EUA e da Europa", conta Marcello Stewers, da Teka, que faz artigos de cama, mesa e banho e tem 35% do faturamento nas vendas externas. Depois de paralisar vendas para a Argentina e registrar queda de 30% nos negócios com os EUA, a empresa prospecta clientes no Oriente Médio, na África e no Leste Europeu. "O mercado doméstico não comporta muito crescimento pois todo mundo está pensando igual."