Título: Incentivo fiscal do G-20 para este ano será de US$ 820 bi
Autor: Kuntz, Rolf
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2009, Economia, p. B8

Montante equivale a 2% do PIB do grupo; o Brasil participa com o equivalente a 0,2% de seu PIB

Rolf Kuntz, WASHINGTON

Os países do G-20 continuam pondo mais dinheiro de impostos no combate à recessão. Os estímulos fiscais anunciados pelos países do grupo estão estimados em US$ 820 bilhões neste ano e US$ 660 bilhões em 2010, segundo novo cálculo divulgado ontem pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Esses valores correspondem a 2% do Produto Interno Bruto desses países, em 2009, e a 1,5% no próximo ano. Os 2% correspondem à meta sugerida pelo Fundo. Os incentivos estimados em março eram menores: US$ 780 bilhões em 2009 e US$ 590 bilhões no próximo ano.

O PIB tomado como referência é calculado com base na paridade do poder de compra. Esse critério elimina algumas distorções dos cálculos convencionais, baseados na taxa de câmbio corrente. A alimentação básica, por exemplo, é muito mais barata no Brasil do que nos Estados Unidos, quando medida em dólares, e isso afeta as comparações.

Os incentivos fiscais concedidos pelo governo brasileiro equivalem a 0,2% do PIB projetado para 2009 e a 0,8% do estimado para 2010.

Proporcionalmente, só são maiores que os estímulos programados pelo governo italiano, correspondentes a 0,2% da produção neste ano e 0,1% no próximo. Em 2009, os maiores, em porcentagens, são os da Rússia (4,1%), da Coreia (3,9%) e da China (3,1%). Todos os estímulos cresceram a partir do ano passado e são calculados como se fossem nulos em 2007. Nos EUA, os incentivos do Tesouro passaram de 1,1% no ano passado para 2% em 2009 e estão projetados em 1,5% para 2010. Esses valores são medidos sem o socorro ao sistema financeiro.

Uma das consequências do apoio fiscal à atividade econômica é o aumento do déficit público na maior parte dos países. Para o conjunto do G-20, o déficit passou de 1,1% do PIB em 2007 para 2,3% no ano passado e as projeções são de 6,6% neste ano e 6,5% no próximo. A situação brasileira é mais favorável, nesse conjunto: seu déficit fiscal diminuiu de 2,2% há dois anos para 1,5% em 2008, deve subir para 1,9% em 2009 e recuar para 0,8% no próximo ano. Quatro países do grupo devem ter déficits superiores a 9% do PIB neste ano: Índia (10,2%), Reino Unido (9,8%), Japão (9,4%),e EUA (9,1%).

SETOR FINANCEIRO

A ajuda ao setor financeiro também tem sido comparativamente muito barata para o Brasil. O total aplicado até 15 de abril - basicamente liquidez proporcionada pelo Banco Central - correspondeu a apenas 1,5% do PIB do ano anterior. Nos EUA, o apoio comprometido chegou a 79,6% do PIB. No Reino Unido, alcançou 81,8%, na Suécia, 70%, na Holanda, 39,8%. Na media dos países avançados, o valor totalizou 49,8%. No G-20, 32,1%. Na emergentes, 2,4%. O comprometimento recorde foi o da Irlanda, mais que o dobro do PIB (263%).