Título: Bispo cobra empenho em demarcação de reservas
Autor: Arruda, Roldão
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2009, Nacional, p. A9

O bispo de Xingu (PA), d. Erwin Kräutler, presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), afirmou ontem na Assembleia-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Itaici, município de Indaiatuba (SP), que falta vontade política para resolver o problema de demarcação das terras indígenas, porque não se regulamenta em leis o que determina a Constituição.

"Não adianta haver decreto com a assinatura do presidente, pois o Judiciário moroso e os parlamentares, com algumas exceções, parecem mais preocupados em defender seus interesses ou das oligarquias", disse o bispo, em entrevista coletiva, comentando relatório apresentado no plenário da assembleia.

O reconhecimento da demarcação de terras contínuas na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, foi uma vitória da causa indígena, na opinião de d. Erwin, mas é um exemplo entre centenas de áreas. "Segundo os registros do Cimi, do total de 846 terras, apenas 348 encontram-se com os procedimentos de demarcação totalmente concluídos, enquanto em 213 casos a tramitação legal nem sequer foi iniciada."

D. Erwin apontou, entre cenários alarmantes, a situação "trágica" dos índios guaranis-caiovás, de Mato Grosso do Sul, onde os índios "vivem confinados em pequenas parcelas de terra e sofrem todas as formas de de violência e perseguição".

"Dados preliminares revelam que durante o ano de 2008 pelo menos 53 indígenas foram assassinados em nove Estados do Brasil."

O bispo cobrou do governo a aprovação do Estatuto do Índio e criticou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), "um programa autoritário e arrogante".

D. Erwin, que há dois anos anda sob escolta de dois policiais da PM do Pará, 24 horas por dia, voltou a denunciar a violência contra aqueles que, como em seu caso, defendem a causa indígena.