Título: Ações de frigoríficos são as mais afetadas
Autor: Modé, Leandro; Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2009, Economia, p. B6

Papéis do JBS Friboi caíram 12,23% na Bovespa; Marfrig e Minerva também perderam

Tatiana Freitas

As ações da JBS Friboi, que desde o agravamento da crise econômica internacional eram as mais preservadas no setor de alimentos na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), não resistiram à gripe suína e despencaram ontem.

Em 2008, 14% de sua receita líquida teve origem na divisão de suínos da JBS USA, o equivalente a US$ 2,438 bilhões. O comportamento das ações reflete, portanto, o temor de que a ocorrência de casos de gripe suína iniba o consumo desse tipo de carne nos Estados Unidos, onde já foram registrados casos da doença em humanos.

Ontem a empresa divulgou comunicado confirmando que sua meta de crescimento de receita e rentabilidade permanece inalterada. A JBS Friboi acredita que o consumo de carne suína não oferece riscos à saúde. "Ainda que o recente surto de gripe tenha sido intitulado como gripe suína, não há evidências materiais de que o consumo de carne suína apresente riscos à saúde", diz a nota.

O noticiário sobre a gripe suína interrompe uma sequência de fortes altas das ações do frigorífico, que, apesar do tombo de 12,23% ontem, acumulam valorização de 18% em abril e de 25% em 2009, praticamente no mesmo nível do Ibovespa, que avança 22% no ano.

Os bons resultados obtidos pelo Friboi em 2008, com saída de grandes frigoríficos do setor e beneficiando empresas com condições razoáveis de financiamento contribuíram para o bom desempenho dos papéis. Recentemente, o pacote de R$ 20 bilhões para a agroindústria impulsionou ainda mais as ações de companhias ligadas ao agronegócio.

No País, o Friboi é, de longe, o papel mais afetado pela gripe suína. "O temor de queda no consumo e do surgimento de mais casos de gripe suína afugentam os investidores", afirmou a analista Denise Messer, da Brascan Corretora.

No ano passado, o Friboi abateu 12,576 milhões de cabeças de suínos nos EUA, um crescimento de 4,2% em relação a 2007. A maior parte da produção foi direcionada ao mercado doméstico americano, com as exportações somando apenas US$ 391 milhões em 2008. "Nosso negócio de carne suína é um negócio de margens", disse no comunicado Wesley Batista, CEO da empresa nos EUA.

Além do Friboi, outro papel que sentiu os efeitos da gripe suína foi o Marfrig, que caiu 4,55% ontem. Apenas 4% da receita total da companhia tem como origem o negócio de suínos, mas as ações foram na esteira do comportamento de seu concorrente, assim como o Minerva, que caiu 9,59% apesar de ter uma atuação inicial no segmento, por meio da Minerva Dawn Farms, especializada em processados e food servic.