Título: Oscilação do petróleo barra queda da gasolina
Autor: Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2009, Economia, p. B12

Preço do combustível vai cair somente quando o petróleo oscilar menos que a média de 10% de um dia a outro, informa diretor da Petrobras

Kelly Lima

O preço da gasolina e do diesel só vai cair quando o barril de petróleo passar a oscilar bem menos que a atual média de 10% entre um dia e outro. A afirmação foi feita ontem pelo diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, que negou a intenção de repassar a queda de preço para o mercado doméstico enquanto persistir essa volatilidade.

"No passado, o preço do barril oscilava apenas na casa dos centavos. Mas agora está muito diferente. Na semana passada, o preço variou 8% de um dia para o outro. Ainda é muito (para justificar o repasse)", disse.

A Petrobrás, segundo Costa, ainda está compensando a diferença nos preços dos combustíveis do ano passado. "Quando aumentamos o diesel e a gasolina em maio de 2008, o barril de petróleo estava ainda bem longe dos US$ 140 a que chegou depois. E, nesse período, não repassamos esse valor. Acumulamos uma perda que ainda está sendo compensada."

Indagado sobre a perda de mercado que a Petrobrás teria com o eventual aumento na mistura de álcool na gasolina (hoje em 25%), Costa se mostrou reticente. "Isso ainda depende da Anfavea, de passar no Congresso", disse, confirmando, em seguida, que a estatal teria de destinar a gasolina excedente para o mercado internacional.

"Se o álcool passar de 25% para 30%, perdemos esse porcentual correspondente no consumo de gasolina e aí teremos que exportar mais." Nesse caso, lembrou, a Petrobrás venderia a gasolina no mercado internacional a preços menores que o que vem negociando no mercado interno. "Mas isso é momentâneo. Há períodos em que vendemos melhor lá fora."

Para ele, a crise mundial não afetou "drasticamente" a demanda por combustíveis no País. O primeiro trimestre de 2009 fechou com alta de 0,4% no consumo, puxada por um crescimento nas vendas de nafta, querosene de aviação (QAV) e gás liquefeito de petróleo (GLP). O diesel e a gasolina tiveram praticamente um empate em relação a 2008. O diesel, porém, fartamente utilizado nas usinas termoelétricas no início do ano passado, perdeu essa função este ano, já que as térmicas não voltaram a ser acionadas.

SUPERFATURAMENTO

Costa negou a possibilidade de superfaturamento nas obras de terraplenagem na Refinaria Abreu e Lima, no Porto de Suape (PE). "Estamos absolutamente tranquilos com relação à contratação dos serviços. Não temos nenhuma dúvida relativa a essa questão", afirmou.

O superfaturamento foi apontado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e estaria próximo de R$ 100 milhões em contratos com empreiteiras. "O TCU está equivocado ao comparar as obras que estão sendo feitas na refinaria com as que seriam feitas em estradas", disse Costa.