Título: Desemprego sobe para 9% em março
Autor: Farid,Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/04/2009, Economia, p. B1

A crise mundial jogou por terra boa parte dos significativos ganhos do mercado de trabalho acumulados no ano passado. A taxa de desemprego apurada nas seis principais regiões metropolitanas do País subiu para 9% em março, o mais alto nível apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde agosto de 2007. O número de desempregados retornou, pela primeira vez em 18 meses, ao nível de 2 milhões. O setor industrial liderou o aumento da desocupação no mês.

A alta no número de ocupados com carteira assinada, de 2,5% em relação a março do ano passado, é a menor em quase seis anos. O gerente da pesquisa mensal de emprego do IBGE, Cimar Azeredo, disse que o aumento da taxa de desemprego em março reflete um quadro do mercado de trabalho no qual há uma demanda forte por emprego, com criação insuficiente de vagas.

"O mercado não gera postos e a procura é maior. O resultado dessa equação só pode ser o aumento na desocupação", disse Azeredo. Ele ressaltou como um sinal realmente preocupante em março a desaceleração no crescimento do emprego com carteira assinada.

Havia em março um total de 2,08 milhões de desempregados nas seis regiões, com alta de 7,3% em relação a fevereiro e de 6,7% ante igual mês de 2008. Em setembro de 2008, antes do início dos efeitos da crise no Brasil, os desempregados eram 1,77 milhão. Desse total, 33% dos desocupados em março, ou 638 mil pessoas, vivem em domicílios com renda per capita até um quarto de salário mínimo, ou menos de R$ 120.

O recuo no nível de desocupados para um nível abaixo de 2 milhões ocorreu em outubro de 2007 e foi comemorado como um sinal de consolidação da recuperação do mercado de trabalho. Antes, o difícil ano recessivo de 2003 trouxe consequências sobre o emprego que se estenderam até o segundo semestre de 2004, quando foi iniciado o processo de retomada gradual.

Já o número de ocupados somou 20,95 milhões em março deste ano, mas ficou estável ante fevereiro e subiu apenas 0,9% ante março de 2008. Para a analista da Tendências Consultoria Ariadne Vitoriano, a pesquisa "segue mostrando deterioração do mercado de trabalho em decorrência dos efeitos da crise sobre a atividade doméstica".

A situação é mais favorável na avaliação dos economistas do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Apesar de ressaltarem que o mercado de trabalho "vem sofrendo com a crise", o diagnóstico é que o quadro atual é melhor do que na virada do ano.

Um dos principais argumentos do Iedi é que a alta de 0,5 ponto porcentual na taxa de desemprego de fevereiro (8,5%) para março (9%) "não é tão superior às observadas em outros anos nessa mesma passagem", sendo de 0,3% em 2006 e 2007.