Título: BNDES abre linha de US$ 300 mi para argentinos
Autor: Palacios,Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/04/2009, Economia, p. B18

Crédito já está disponível e será usado para financiar as importações de produtos brasileiros O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, anunciou ontem uma linha de crédito de US$ 300 milhões para bancos argentinos, entre eles, o estatal Banco de la Nación. Esses créditos serão aplicados para o financiamento de importações argentinas de produtos brasileiros.

"Esses fundos já estão disponíveis", disse Coutinho, ao explicar que o acordo sobre essa linha foi assinado durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O Banco de la Nación terá metade desse valor, que será utilizada de acordo com suas necessidades. A outra metade será para bancos privados."

Segundo Coutinho, "é muito expressivo" o comércio entre Brasil e Argentina, que foi de US$ 30 bilhões no ano passado. "Essa linha é uma contribuição relativamente pequena. Mas é importante porque é a concretização de um relacionamento operacional entre o BNDES e o Banco de la Nación. Essa cooperação saiu do papel. Não é uma coisa teórica."

Coutinho afirmou que o BNDES tem uma carteira grande de operações potenciais com a Argentina, no total de US$ 4,2 bilhões. Essas operações dividem-se em contratadas e em processo de liberação, aprovadas em processo de contratação, enquadradas que ainda estão em análise e em perspectiva.

"Essa carteira de projetos está fluindo muito bem. Existem muitos investimentos em gasodutos, fornecimento de água e distribuição de energia, que já estão enquadrados. Existem algumas operações importantes em perspectiva também, entre as quais temos o financiamento para a compra de 220 vagões para o metrô de Buenos Aires. Essa operação seria de US$ 600 milhões. A fornecedora é a Alston do Brasil."

Coutinho também afirmou que a operação da compra de 20 aviões da Embraer por parte das duas companhias aéreas estatais argentinas, a Aerolíneas Argentinas e a Austral, ainda está em "fase de fechamento das condições comerciais". A operação seria de US$ 600 a US$ 650 milhões. O BNDES financiaria 85% da compra.

Os analistas em Buenos Aires sustentam que o governo da presidente Cristina Kirchner está com pressa em obter os aviões da Embraer, já que o estado da frota estatal é o de "semisucata". Na quinta-feira, Julio De Vito, ministro do Planejamento Federal e Obras Públicas, disse que a Argentina contaria com alguns desses aviões em setembro.