Título: Brasil tem 20 notificações, nenhuma em SP
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Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2009, Vida&, p. A17

Anvisa descarta 2 casos no Estado; nenhuma situação chega a ser de suspeita da doença

O Ministério da Saúde informou ontem que o Brasil acompanha 20 casos, em 8 Estados, de pacientes que voltaram de área de transmissão da gripe suína apontando sintomas: 4 no Paraná, 3 em Santa Catarina, 3 em Minas, 3 no Amazonas, 2 na Bahia, 2 no Rio, 2 no Rio Grande do Norte e 1 no Pará. Os dois que estavam sob análise no Estado de São Paulo foram descartados. Segundo a pasta, nenhum caso pode ser considerado suspeito, pois eles não cumprem todos os requisitos para isso (mais informações nesta página).

Em reunião ontem no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e companhias aéreas reforçaram as medidas já definidas anteontem: aqueles passageiros que apresentarem sintomas devem usar máscara e, ao chegar ao Brasil, ser encaminhados por funcionários da Anvisa a um dos 51 hospitais de referência. Nesses casos, o lixo do avião deverá ser incinerado.

No Rio, seis passageiros que desembarcaram na manhã de ontem no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão) foram examinados por médicos da Anvisa, após apresentar durante os voos sintomas semelhantes aos da gripe suína. Após um exame preliminar, ainda no posto de saúde da Infraero, todas as suspeitas foram descartadas e dois deles foram liberados na hora. Três passageiros com gastroenterite do voo 0873, proveniente do Panamá pela Copa Airlines Panamá, e uma passageira asmática do 8057 da TAM, vinda de Miami, ainda foram levados para exames no Instituto Evandro Chagas, na Fiocruz, e liberados. Os homens vieram do México e a mulher, de Washington. "O sistema (de vigilância) está muito sensível e mesmo os casos de pessoas que passam mal e não têm os sintomas da gripe serão verificados com exames complementares", afirmou o subsecretário municipal de Vigilância Sanitária, Daniel Sorenz.

Os passageiros do avião proveniente de Miami desembarcaram preocupados. Eles se assustaram com a tosse causada pela crise asmática, que também é um dos sintomas da gripe suína. "Assim que ela passou mal, a tripulação a isolou por precaução", revelou o iatista Torben Grael, que voltou dos Estados Unidos no mesmo voo.

Ao contrário de anteontem, quando não houve alertas, o sistema de som avisava os passageiros sobre sintomas - mensagens apenas em português.

O Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) divulgou boletim médico no final da manhã de ontem informando que o casal internado na segunda-feira com suspeita de gripe suína apresentava quadro clínico normal. "A tosse e a coriza desapareceram", informou o boletim. Conforme o HC, o terceiro paciente internado passou a noite bem. "Está sem febre, queixou-se de uma tosse com pequena intensidade e apresenta coriza leve." O diretor clínico do HC fez questão de ressaltar que não há motivos para que a população, diante de sintomas de gripe, inicie uma "busca desenfreada" por internações.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva empenhou-se ontem em conter a preocupação crescente sobre as suspeitas de incidência da gripe suína no País. "É um momento de cautela. Não é de fazer terrorismo com uma coisa que não chegou aqui."

PEDRO DANTAS, EDUARDO KATTAH e CLARISSA OLIVEIRA

TRÊS CENÁRIOS

Caso notificado ou em acompanhamento: pessoas que chegaram de áreas com circulação do vírus da doença com sintomas de gripe, mas que não têm todos os sinais necessários para se suspeitar da doença. Há 20 no Brasil

Caso suspeito: a OMS definiu que são as pessoas que estiveram em áreas de circulação do vírus nos últimos dez dias e que apresentam febre repentina, acima de 38°C, além de um ou mais dos seguintes sintomas: tosse, dor de cabeça, dor nas articulações e dificuldades respiratórias. Não há casos suspeitos no País

Caso confirmado: é necessário um diagnóstico laboratorial em laboratório estadual, depois em um dos três laboratórios de referência nacional (Evandro Chagas, Fiocruz e Adolfo Lutz) e finalmente em laboratórios de referência internacional da OMS. Não há casos confirmados no Brasil