Título: Para analistas, retomada do crédito não é definitiva
Autor: Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2009, Economia, p. B4
A melhora no desempenho da concessão de crédito à pessoa física em março pode ter sido pontual e provocada apenas por uma antecipação de consumo, avaliam analistas. Para especialistas, a continuidade da retomada do crédito para o consumo vai depender da redução dos spreads e do risco de inadimplência, além dos dados do mercado de trabalho. Até o momento, segundo eles, os resultados não indicam um início de recuperação da economia.
Para Luiza Petroll Rodrigues, a tendência é de retomada do crédito, mas em ritmo menor do que em 2008. Segundo ela, os dados de março divulgados pelo Banco Central não mostraram uma retomada significativa do crédito à pessoa física, mesmo com o "espetacular crescimento" da venda de veículos no mês. Com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, teria ocorrido uma antecipação de compras, diz ela.
De acordo com os dados do BC, as concessões de crédito livre a pessoa física aumentaram, na série com ajuste sazonal, 2,2% na média diária em março ante fevereiro, puxada por aquisição de veículos (12,2%) e crédito pessoal (6,5%).
Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, há uma retomada lenta do crédito, mais ainda para as empresas, podendo desacelerar também no caso das operações para pessoa física. Segundo Vale, os dados de março ainda não indicam recuperação da economia. "O tombo foi grande", diz ele.
Entre os economistas especialistas em varejo, o chefe do Departamento de Economia da Confederação Nacional de Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, é o mais pessimista. Segundo ele, os dados de março refletem uma antecipação de consumo em consequência da redução de impostos para compra de veículos e um posicionamento mais agressivo dos bancos públicos no crédito pessoal.
Já para o economista Christian Travassos, da Fecomércio-RJ, os dados de março já sinalizaram uma retomada mais consistente que deve prosseguir nos próximos meses, seguindo a redução de juros da Selic.