Título: BB e Caixa reduzem juro do crédito para consumo
Autor: Gobetti, Sérgio
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/04/2009, Economia, p. B4

Bancos públicos concentram queda das taxas em empréstimo consignado e em linhas de financiamento de eletrodomésticos

Sérgio Gobetti

Os bancos públicos concentraram a redução de juros exigida pelo governo em linhas de incentivo ao consumo e nas operações de menor risco, como o crédito consignado, cujos pagamentos são descontados em folha. Na Caixa Econômica Federal, a taxa do consignado caiu 31%, para 1,43% ao mês, e no Banco do Brasil, para até 1,36%. O juro do cheque especial, entretanto, continua salgado, podendo chegar a 7% em ambas as instituições.

Além da redução do consignado, o BB também anunciou forte queda nas taxas de financiamento de bens de consumo (eletrodomésticos), cuja mínima caiu de 2,62% para 1,99% ao mês. Já nos juros das linhas para o capital de giro das micro e pequenas empresas o corte foi simbólico: de 2,14% para 2,11% na mínima e de 2,40% para 2,37% na máxima.

Assim, de forma localizada, os bancos oficiais procuraram atender à orientação do governo de acelerar a queda do spread - a diferença entre a taxa que eles cobram dos clientes e a que eles pagam para captar dinheiro no mercado.

A cúpula dos bancos públicos passou a semana sob intensa pressão para reduzir os juros das operações de crédito em resposta à queda da Selic anunciada ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Ontem mesmo, o presidente do BB, Aldemir Bendine, se reuniu com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que em seguida se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A presidente da Caixa, Maria Fernanda Coelho, também esteve com Lula para falar sobre o corte nos juros e sobre o programa "Minha Casa Minha Vida".

Os dois bancos já vinham anunciando cortes nas taxas desde o fim do ano passado, mas nem o ritmo nem a intensidade das quedas estavam agradando ao Palácio do Planalto. Nos dois últimos dias, as diretorias discutiram uma estratégia para viabilizar reduções mais agressivas que, ao mesmo tempo, não colocassem em risco a rentabilidade das instituições.

No BB, a palavra de ordem passou a ser "reduzir custos" - no caso, custo das operações de crédito, que em muitos casos não são efetivos, mas estimados, de acordo com margens mais ou menos conservadoras estipuladas pela área técnica, que compõem o spread.

A avaliação da cúpula dos bancos públicos é que existe espaço para reduzir os juros de forma mais agressiva do que nos bancos privados, e por uma razão: do dinheiro que captam no mercado, BB e Caixa emprestam uma fração maior do que nas instituições privadas e, por isso, podem reduzir a margem de lucro e, ainda assim, manter um lucro significativo.

No BB, que trocou de presidente em meio à polêmica sobre o ritmo de queda dos juros, os técnicos dizem agora que o banco pode compensar uma eventual perda de lucro per capita com "aumento de clientes, expansão do cartão de crédito e crédito imobiliário".