Título: Empréstimos do BNDES crescem 13% no trimestre
Autor: Carvalho, Daniele
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/04/2009, Economia, p. B7

Dos R$ 18,7 bilhões desembolsados no período, R$ 8,534 bilhões ocorreram em março, elevando total em relação ao 1.º trimestre de 2008

Daniele Carvalho

Depois de um primeiro bimestre preocupante, o mês de março foi de retomada no ritmo dos financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De acordo com dados divulgados ontem pela instituição, dos R$ 18,7 bilhões desembolsados no primeiro trimestre - o maior já registrado para este período -, R$ 8,534 foram feitos somente em março. O desempenho dos três primeiros meses de 2009 ficou 13% acima do obtido em igual período do ano passado.

Para o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o leve impulso em março se deve "à melhora na expectativa dos empresários em relação ao potencial do Brasil de retomar o crescimento". "Não quero comemorar. Ainda é cedo para parar de remar para sustentar o crescimento da economia."

Coutinho voltou a afirmar que a recuperação da economia nacional se dará, principalmente, pela execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ele citou, ainda, o amplo plano de investimento da Petrobrás, que prevê US$ 174,4 bilhões até 2012. "Além disso, temos uma cadeia de agronegócio muito competitiva. No cenário externo, temos a China mantendo crescimento de, pelo menos, 6,5%", acrescenta.

Um dos destaques observados no primeiro trimestre do ano ficou por conta da linha de financiamento a máquinas e equipamentos (Finame), que em março deste ano apresentou desembolso de R$ 2,2 bilhões, montante 22,2% superior ao R$ 1,8 bilhão de 2008. "Este foi um elemento de surpresa para nós. Os resultados vieram mais fortes do que imaginávamos", revelou o presidente do banco.

O primeiro passo tomado por empresas na obtenção de crédito, as consultas, totalizou R$ 57,325 bilhões, montante 29% superior a igual período do ano passado. Também houve expansão na segunda etapa de busca ao financiamento, o chamado enquadramento, que apresentou expansão de 41%, para R$ 54,28 bilhões.

O único recuo ficou por conta das aprovações, ultimo estágio antes da concessão do crédito, que caíram 12% ante os três primeiros meses de 2008, para R$ 20,108 bilhões. O BNDES justificou a queda com uma grande operação, fora do padrão, realizada no ano passado com a Vale.

Quando avaliado por setores, o maior volume de desembolso foi feito à indústria, que respondeu por R$ 7,943 bilhões do total. Segundo Luciano Coutinho, as áreas de alimentos, higiene pessoal, papel e celulose, química a petroquímica foram as principais responsáveis pelo desempenho. Em seguida, estão os financiamentos voltados à infraestrutura, com R$ 6,787 bilhões, comércio (R$ 2,041 bilhões) e agronegócio (R$ 1,15 bilhão).

Apesar da previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) de que o Produto Interno Bruto (PIB) do País pode recuar 1,3% este ano, Coutinho diz manter a expectativa de que a economia brasileira crescerá de 1,5% a 2%.

Perguntado sobre a possibilidade de o BNDES financiar projetos hidrelétricos entre o Brasil e o Peru - conforme protocolo assinado ontem entre o presidente Lula e seu colega peruano Alan García -, Luciano Coutinho afirmou que a proposta precisa passar por várias exigências até chegar ao banco.

"O projeto precisa ser desenvolvido, passar por um processo de licitação e depois vir ao banco. Se todas as etapas forem cumpridas, estaremos dispostos a financiar", comentou Coutinho.