Título: Na surdina, preço do óleo sobe 14,49%
Autor: Samarco, Christiane; Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/04/2009, Economia, p. B8
Diretor da Petrobrás omitiu reajuste já ocorrido e negou novo repasse
Kelly Lima
Menos de 24 horas depois de o diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, ter negado taxativamente a possibilidade de ocorrer um reajuste no preço do óleo combustível este mês, a assessoria de imprensa da estatal confirmou que o produto sofreu duas altas de 7% em abril. Somados, os dois reajuste equivalem a 14,49% no ano, ante uma queda de 39% acumulada em 2008. Ao ser indagado sobre a alta, fortemente criticada por representantes das indústrias de São Paulo, Costa omitiu o reajuste já ocorrido e concentrou-se na negativa de um novo repasse.
As críticas do empresariado se consistem na teoria de que o reajuste seria uma estratégia da Petrobrás de promover a migração do consumo deste combustível para o gás natural. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), o consumo de gás natural caiu 32,48% em março ante o mesmo período no ano passado.
Na sexta-feira, a Petrobrás fez o primeiro leilão de gás natural no mercado spot para tentar reduzir o excesso de oferta. O volume leiloado, de 3,5 milhões de metros cúbicos - 30% do ofertado - apontou que a oferta excedente já atingia 10 milhões de metros cúbicos por dia.
Ontem, Costa negou a estratégia. Segundo a assessoria da estatal, no início de abril o preço do óleo era 2,68% menor do que em dezembro de 2008, daí a necessidade de reajuste.
O óleo combustível, assim como o querosene de aviação e a nafta, são equiparados ao preço do barril do petróleo, diferentemente do óleo diesel e da gasolina - que representam 60% das vendas da Petrobrás - e não sofrem influência da volatilidade do mercado internacional.