Título: Expansão já está próxima do limite, diz analista
Autor: Gobetti, Sergio; Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2009, Economia, p. B3

Fernando Nakagawa, Adriana Fernandes e Sergio Gobetti, BRASÍLIA

Pode ser um pouco tarde para que os bancos públicos façam a diferença no mercado de crédito. A avaliação é do professor de Finanças da Universidade de São Paulo (USP) Roy Martelanc, que questiona o plano de instituições como o Banco do Brasil, de atrair clientes que não têm conseguido empréstimos nos concorrentes.

Martelanc observa que bancos privados têm voltado lentamente a conceder crédito. Com o passar do tempo, essa volta poderá frustrar a estratégia do Palácio do Planalto.

Para o professor, esse cenário pode fazer com que as instituições federais passem a procurar clientes com maior risco.

A receita da equipe econômica para os bancos públicos é bem simples: reduzir os spreads, ganhar participação de mercado e, assim, manter a rentabilidade. O plano tem sido repetido como um mantra em instituições como a Caixa e o BB.

A estratégia básica é ganhar bons clientes de bancos privados que enfrentam dificuldade para tomar recursos em meio ao fechamento do mercado de crédito pela crise internacional.

O problema é que "a situação melhorou um pouco e os privados voltaram a emprestar". "Por isso, cada vez menos clientes têm recebido um ?não? dos bancos privados. A ação mais forte dos públicos pode ser um pouco tarde demais para roubar esses clientes", avalia Martelanc.

"Agora, para ganhar clientes, será preciso cortar o juro de uma forma nunca antes vista no Brasil. Seria muito bom, mas não vejo chance de esse movimento acontecer", observa o professor da USP.