Título: Verba encolhe e CUT abandona grandes festas
Autor: Silva, Cleide
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/05/2009, Economia, p. B3

Eventos pulverizados promovidos pela central priorizaram discursos de políticos e sindicalistas

Andrea Vialli e Marianna Aragão

Sem patrocínio, as comemorações do Dia do Trabalho da Central Única dos Trabalhadores (CUT) foram pulverizadas e com poucos shows grandiosos este ano. Com uma verba estimada em R$ 500 mil, bancada pela própria central sindical, foram realizados um evento principal em São Bernardo do Campo e duas outras festas na periferia de São Paulo, nos bairros de Cidade Dutra, na Zona Sul e Itaim Paulista, na Zona Leste.

Esvaziada pela falta de atrações de peso, a festa principal, no Paço Municipal de São Bernardo, começou morna no início da tarde de ontem, com grupos de pagode e MPB locais, a maioria desconhecidos do grande público. Mais tarde, os shows dos cantores Leci Brandão e Jorge Ben Jor atraíram mais pessoas ao local. No total, cerca de 25 mil pessoas compareceram ao evento ao longo do dia, segundo a Polícia Militar.

Entre as figuras políticas, era esperada a presença do senador petista Aloizio Mercadante, que não compareceu. O prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho e o presidente da CUT, Artur Henrique, centralizaram os discursos. O mote foi a garantia da manutenção de empregos e salários.

"Temos que aproveitar esse Dia do Trabalho para refletir sobre a luta pelo emprego. Não podemos permitir que empresários oportunistas aproveitem a crise para fazer ajustes e demitir os trabalhadores", disse Artur Henrique.

Como toda festa popular, o público era heterogêneo. Havia famílias, grupos de adolescentes e simpatizantes do movimento sindical que vestiam camisetas vermelhas com a logomarca da CUT. Um grupo de garotas ostentava narizes de palhaço - não se tratava de um protesto: eram fãs do grupo musical Teatro Mágico, sucesso entre os adolescentes, cujos integrantes se apresentam vestidos de palhaços e fazem malabarismos no palco.

As expectativas eram diferentes em relação à festa. "Eu vim só para ver o Teatro Mágico", disse Priscila Castro, 16 anos, fã do grupo. Já o metalúrgico Aldo Júnior, ao lado da mulher e das filhas, via poucos motivos para celebrar o Dia do Trabalho. Empregado em uma empresa de autopeças que fez 200 cortes em dezembro, por pouco ele não perdeu sua vaga. "Com essa crise e as demissões nas empresas, não tem muito o que comemorar."

Na festa realizada na zona Sul paulista, a "estrela" foi o presidente do PT, Ricardo Berzoini .