Título: Nova cota pode parar no Senado
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/05/2009, Nacional, p. A8

Presidente da CCJ é contra reserva para portadores de deficiência

Luciana Nunes Leal, BRASÍLIA

O projeto que reserva 10% das vagas em instituições públicas de ensino médio e superior para portadores de deficiência, aprovado pela Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) na Câmara, não terá tramitação tão simples no Senado. Integrante da CCJ e defensor da cota, o deputado Flávio Dino (PC do B-MA) reconhece que a exigência abriu debate sobre excesso de cotas, pois no próprio Senado está em discussão o projeto que reserva 50% de vagas nas universidades federais para estudantes negros, pobres e formados em escolas públicas. Se as duas propostas forem aprovadas, 60% das matrículas estariam reservadas para as cotas.

"A conclusão não está próxima. Concordo que será necessário um debate global, mas não é por isso que votaríamos contra. Acredito que esta seja a menos controvertida das cotas. O debate é necessário, porque há o direito dos portadores de deficiência, dos indígenas, dos negros, dos alunos de escolas públicas, mas também o direito universal do acesso à educação", afirma.

Os dois únicos deputados que votaram contra a cota na CCJ, Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Gerson Peres (PP-PA), disseram ontem que não proporão recurso para que o projeto seja submetido ao plenário. A votação na CCJ foi conclusiva e o texto será agora discutido pelos senadores.

"Me sinto constrangido de apresentar o recurso, porque os deputados têm medo de assinar", afirmou Bolsonaro. O recurso precisa ter pelo menos 51 assinaturas. Bolsonaro não desistiu, no entanto, da luta contra as cotas e vai colher assinaturas (são necessárias 171) para apresentar uma emenda constitucional que limite em 20% o somatório de cotas fixadas nas instituições públicas.

CRÍTICO

No Senado, o projeto também poderá ser conclusivo na CCJ. Se, no entanto, houver recurso para votação em plenário e o texto for modificado, a proposta voltará à Câmara e, desta vez, com votação em plenário.

O presidente da CCJ do Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), é um crítico contundente das cotas para portadores de deficiência. Argumenta que não há motivos para reservar vagas para deficientes ricos, por exemplo.