Título: No 1º de Maio, trabalhadores pedem garantia de emprego
Autor: Rehder, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/05/2009, Economia, p. B7

CUT quer mais obras públicas, enquanto a Força Sindical defende cortes de impostos de produtos

Marcelo Rehder

As comemorações do Dia do Trabalho serão marcadas por um dos principais efeitos da crise financeira mundial: o desemprego. Depois de cinco anos de mercado aquecido, muitos brasileiros não vão ter o que comemorar agora.

"Vamos aprofundar o debate no sentido de fortalecer o desenvolvimento com aumento do emprego, renda e preservação dos direitos dos trabalhadores ", diz o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique. "Nossa bandeira é emprego, emprego e emprego", afirma o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.

O momento é delicado. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do País subiu em março para 9% da População Economicamente Ativa (PEA) - a mais alta desde setembro de 2007, ultrapassando a marca de 2 milhões de pessoas pela primeira vez em 18 meses.

Para conter o desemprego, os sindicalistas defendem a adoção de medidas em várias frentes. Numa delas, querem o fortalecimento dos programas de governo que geram empregos e renda, o que inclui obras públicas, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Bolsa Família. "Insistimos na exigência da garantia do emprego como contrapartida das empresas que forem beneficiadas por desoneração fiscal ou empréstimos de bancos públicos", acrescenta Henrique.

Paulinho, da Força Sindical, defende a extensão dos cortes do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para outros produtos. O governo já cortou o IPI de automóveis e fogões, geladeiras e lavadoras. Paulinho sugere a extensão do benefício para máquinas agrícolas, freezers e pneus. "Também cobramos do governo linhas de crédito com juros mais baixos para as empresas", ressalta.

Em relação ao sistema financeiro, os sindicalistas querem redução da Selic (taxa básica de juros), além da diminuição do spread bancário (diferença entre a taxa de juros cobrada pelos bancos e a que eles pagam para captar recursos) e a democratização do Conselho Monetário Nacional (CMN), por meio da participação de representantes dos trabalhadores e dos empresários.

Artur Henrique argumenta que os altos spreads cobrados representam "uma extorsão". No caso da Selic, o sindicalista lembra que a redução de um ponto porcentual na taxa coloca na economia algo como R$ 12 bilhões, que deixam de ser pagos em juros da dívida. Já Paulinho critica a demora do governo em tomar medidas para redução do spread.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, filiado à CUT, Sérgio Nobre, ressalta a necessidade de se criar mecanismos para dificultar as demissões e barrar a alta rotatividade da mão de obra no País, afirmando que as empresas começaram a demitir preventivamente mal a crise se instalou.

O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, lembra que a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais abriria mais de 1,8 milhão de vagas no País. "Queremos redução da jornada, sem redução dos salários."