Título: PPS debate mexida na poupança
Autor: Monteiro, Tânia; Gobetti, Sérgio
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2009, Economia, p. B6

Em debate promovido pelo PPS, dois economistas de correntes diferentes defenderam, com argumentos também diversos, que não há necessidade real de o governo mexer na poupança, pelo menos a curto e médio prazos. O PPS é o partido que tem atacado a iniciativa do governo de rever a rentabilidade da caderneta, e até veiculou anúncios dizendo que seria feito um confisco semelhante ao do governo Collor.

Para o economista-chefe da CM Capital Markets, Tony Volpon, uma alternativa seria deixar o mercado competir nas taxas de administração dos fundos, que hoje podem chegar a 4% ou 5%. "O governo pode deixar o mercado funcionar e reduzir a taxa de administração, por conta da competição com a poupança." Segundo ele, os hedge funds internacionais, que são altamente sofisticados, cobram em média taxa de 2% ao ano, e os fundos tradicionais, de 0,2% a 0,5% ao ano.

Para o economista da Universidade de Brasília Flávio Basilo, a diferença entre a caderneta e os fundos de investimento já é pequena, e o constrangimento que isso coloca para a necessária continuidade da queda nos juros se deve às Letras Financeiras do Tesouro (LFTs), títulos pós-fixados atrelados à Selic. Para Basilo, a LFT cria um canal indevido entre as políticas monetária e fiscal, que precisa desaparecer.

Na visão do economista, a solução seria eliminar as LFTs e as operações compromissadas do Banco Central, deixando a Selic apenas como taxa de um dia, que poderia render menos que a poupança.