Título: Demora no modelo favorece a África
Autor: Tereza, Irany; Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2009, Economia, p. B8

Falta de definição do pré-sal pode causar prejuízo, diz diretor da ANP

Nicola Pamplona, HOUSTON

A demora na definição do novo modelo para o pré-sal pode levar o Brasil a perder investimentos para a África, admitiu ontem o diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Nelson Narciso. O continente africano também tem boas oportunidades no pré-sal, dizem especialistas no setor, e atrai o interesse de gigantes mundiais como a americana Chevron. A favor do Brasil, diz Narciso, estão a estabilidade política e regulatória, além da capacidade interna de produção de bens e serviços para o setor.

"É melhor ter alguma demora (para definir o novo marco regulatório) do que fazer um trabalho malfeito, mas é preciso que o tema seja definido logo", comentou Narciso, em conversa com jornalistas após apresentação na Offshore Technology Conference (OTC). A nova legislação está sendo elaborada por uma comissão interministerial criada para este fim, que já adiou várias vezes a conclusão do relatório final.

Enquanto isso, a ANP não tem autorização para voltar a licitar áreas marítimas no Brasil. Mesmo a 8ª Rodada de Licitações, iniciada em 2007 e suspensa por uma liminar judicial, continua em suspenso.

Naquela ocasião, a ANP concedeu alguns blocos próximos à província do pré-sal da Bacia de Santos, onde está o campo de Tupi, maior reserva descoberta no Brasil. Os vencedores da concorrência não sabem se terão direito aos blocos. Narciso destacou que uma portaria do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) mantém suspensa a 8ª Rodada até a conclusão dos trabalhos da comissão.

Um dos palestrantes de ontem, o presidente da Chevron África e América Latina, Ali Moshiri, disse que há grande similaridade geológica entre a costa oeste africana e o litoral brasileiro. "O mesmo pré-sal que se encontra no Brasil se encontra na África."