Título: Swap cambial não é ideal, dizem os exportadores
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/05/2009, Economia, p. B3

Para eles, melhor opção seria o BC comprar dólar à vista para conter a forte queda da taxa de câmbio

Adriana Chiarini

A intervenção do Banco Central no câmbio para conter a rápida queda do dólar na terça-feira foi positiva para os exportadores em um primeiro momento, mas seria melhor para as exportações que o BC optasse por comprar dólar à vista em vez de usar swap cambial reverso como fez.

A opinião é de especialistas da Confederação Nacional do Comércio (CNC), da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex). O consenso entre eles sobre o tema, porém, não vai muito além disso.

Para o economista-chefe da CNC e ex-diretor do BC, Carlos Thadeu de Freitas Gomes, o swap cambial reverso não é bom para o exportador porque "induz uma trajetória mais longa de queda do dólar". Já se o BC comprasse dólar à vista e reduzisse rapidamente os juros, isso poderia conter a queda do dólar e até daria mais oportunidade de uma alta no dólar no futuro próximo.

Para Freitas Gomes, a estratégia para o câmbio indicada pelo BC com a escolha desse instrumento estaria associada a uma também redução lenta e prolongada dos juros.

Freitas Gomes explica que a queda lenta do dólar e dos juros estimula a entrada de investimento estrangeiro em renda fixa no Brasil, o que também influi para a queda do dólar.

"De fato, seria melhor a compra de dólar à vista, que seria uma decisão efetiva e não uma perspectiva de futuro, mas o importante é que houve uma mexida na taxa, que de R$ 2,30 voltou para R$ 2,10 e ontem (terça-feira) estava caindo rápido", disse o vice-presidente executivo da AEB, José Augusto de Castro. Ele entende que a atuação do BC no câmbio foi positiva para as exportações e deve ter sido influenciada pela queda de vendas dos manufaturados ao exterior.

"Foi uma forma de tentar segurar as exportações de manufaturados, que são mais afetados pelo câmbio", disse Castro. "Pela primeira vez desde os anos 80, as exportações de básicos foram maiores que as de manufaturados", acrescentou.

Em abril, os produtos manufaturados responderam por 40,9% da pauta de exportações. Já os produtos básicos representaram aproximadamente 45,4% e os semimanufaturados representaram em torno de 11,6%.

O economista da Funcex, Fernando Ribeiro, por sua vez, acredita que a intervenção do BC no câmbio não tem como objetivo apoiar as exportações, e sim reduzir a volatilidade. "O BC está seguindo o seu mesmo discurso dos últimos anos e sempre disse que não tinha nenhuma taxa específica para o câmbio". Ribeiro entende que o BC pode ter preferido o swap cambial reverso à compra de dólar à vista "para indicar que não estava atuando indo contra a tendência de valorização da moeda brasileira, mas apenas contra a volatilidade". Para ele, o BC só olha o comércio exterior para monitorar o equilíbrio das contas externas. ""O saldo comercial até aumentou porque as importações estão caindo mais que as exportações", disse.