Título: Analistas preveem novos ajustes
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/05/2009, Economia, p. B13

Expectativa é que investimento caia para até US$ 8,8 bi

Mônica Ciarelli e Natália Gomez

Analistas financeiros acreditam que a Vale deve promover novos ajustes no investimento deste ano, mesmo depois do anúncio de corte de US$ 5,2 bilhões. "Mais cortes são possíveis", previram os analistas Edmo Chagas e Carlos Vasques, do UBS Pactual, em relatório divulgado aos clientes do banco. No mercado, as apostas variam da fixação de investimentos entre US$ 7,5 bilhões e US$ 8,8 bilhões. A mineradora anunciou anteontem que, depois do corte, seu investimento este ano será de US$ 9,035 bilhões.

A direção da Vale não se pronunciou ontem sobre o assunto e, por meio da assessoria de imprensa, informou que também não comentaria as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se disse surpreso com a suspensão de parte dos investimentos. A redução do orçamento é reflexo direto do novo ambiente econômico, que vive forte retração na demanda mundial por matérias-primas.

A maior parte do ajuste se concentrou nas atividades da companhia no Brasil. Apenas 17,58% do corte veio de projetos no exterior. A redução mais significativa recaiu sobre os projetos do segmento de minerais ferrosos, especialmente nas minas de Carajás e Serra Sul, no Pará. Só Serra Sul teve seu orçamento encolhido de US$ 675 milhões para US$ 233 milhões.

O plano original de investimentos para 2009 era de US$ 14,2 bilhões. A redução foi de 36,5%. O UBS trabalha com um porcentual ainda maior, que resultaria num orçamento de US$ 8,8 bilhões para este ano. Os analistas da instituição destacam, porém, que, se anualizados, os investimentos da mineradora no primeiro trimestre não chegam a US$ 7 bilhões.

"É preciso se adequar à nova realidade de mercado", disse o analista da Modal Asset, Eduardo Roche, que também espera novos ajustes. Ele destacou que o setor siderúrgico não vem apresentando sinais de recuperação nos últimos meses.

Outra instituição que prevê orçamento mais modesto pela Vale é o banco Merill Lynch. "Assumimos um investimento de US$ 7,5 bilhões para o ano, e acreditamos que pode haver novos atrasos em alguns projetos", diz relatório divulgado aos clientes. Segundo analistas do banco, a empresa priorizou projetos tidos como mais relevantes, como construção de navios, que consumirá o maior aporte do ano, com US$ 595 milhões, bem acima dos US$ 154 milhões previstos anteriormente.

"Este investimento é essencial para garantir taxas de frete competitivas no transporte de minério para a Ásia." Os dados mais recentes do Worldsteel, associação que reúne os fabricantes de aço, mostram que a produção global do setor caiu 22,7%, passando de 457,8 milhões de toneladas para 354 milhões de toneladas.