Título: Dilma reduz vantagem de Serra
Autor: Bramatti,Daniel
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/06/2009, Nacional, p. A4

Distância entre pré-candidatos cai 12,5 pontos porcentuais em período marcado por maior exposição de ministra

Daniel Bramatti

A vantagem do tucano José Serra sobre a petista Dilma Rousseff na corrida pela Presidência da República caiu 12,5 pontos porcentuais nos últimos dois meses, segundo pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem.

A intenção de voto no governador de São Paulo diminuiu de 45,7% para 40,4% entre março e maio, enquanto as preferências pela ministra da Casa Civil subiram de 16,3% para 23,5%. Isso no cenário em que também foi apresentado aos entrevistados o nome de Heloísa Helena (PSOL), que aparece estável, com 10,7%. Quando Aécio Neves aparece na cédula como o candidato tucano, Dilma lidera, com 27,8%.

O crescimento da pré-candidata petista ocorreu em um período de maior exposição na mídia, por conta da revelação de que se trata contra um câncer no sistema linfático. Como "gerente" do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Dilma também costuma acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em eventos por todo o País. Ainda assim, permanece desconhecida para mais de um quarto do eleitorado, de acordo com o levantamento encomendado pela Confederação Nacional dos Transportes.

Indagados se conhecem ou ouviram falar de Dilma Rousseff, 26,1% dos entrevistados responderam que não. Já Serra é desconhecido por apenas 3,7%. O tucano disputou sete eleições desde 1986, entre elas a presidencial, em 2002. Dilma, por sua vez, nunca concorreu a cargos eletivos.

A vantagem de Serra na pesquisa, de quase 17 pontos percentuais, cai para apenas 4,4 quando são considerados apenas os votos consolidados. Do total de entrevistados, 18,4% afirmam que o tucano é o único candidato em quem votariam. Outros 14% manifestam apoio incondicional à ministra.

Na pesquisa espontânea - modalidade em que os eleitores manifestam sua preferência sem ler o nome dos candidatos em um cartão -, Serra e Dilma aparecem empatados, com 5,7% e 5,4%, respectivamente, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera, com 26,2%. Lula, porém, está impedido legalmente de disputar uma nova reeleição.

Os dois pré-candidatos também estão em situação de empate técnico no quesito rejeição - 24,6% dizem que não votariam em Serra de jeito nenhum, e 23,3% respondem o mesmo em relação a Dilma.

CRUZAMENTOS

Governador do principal Estado da região Sudeste, é no Sul que Serra alcança seu melhor desempenho. Lá o tucano tem 44,3% das intenções de voto, no cenário em que também aparecem Dilma e Heloísa Helena.

Já a petista tem mais simpatizantes no Nordeste, onde conquista 29% das preferências. Também é no Nordeste que a ministra é menos conhecida: um terço dos entrevistados da região nunca ouviu falar dela.

A rejeição a Serra varia pouco entre as diferentes regiões do País, oscilando de 22,6% a 25,7%. Dilma enfrenta resistência significativamente maior no Sudeste e no Sul (28,8% e 27%) que no Nordeste e Norte/Centro-Oeste (16% e 17,6%).

Na divisão por faixas de renda, o tucano vai melhor entre os eleitores com renda familiar mensal acima de 20 salários mínimos (47,5% das preferências). Já Dilma tem seu principal nicho no extremo oposto da escala social - alcança 28,3% entre os que ganham até um salário mínimo por mês. Nessa faixa, a que concentra mais simpatizantes do presidente Lula, a pré-candidata petista praticamente dobrou seu índice de intenção de voto desde março. Sua desvantagem em relação ao pré-candidato do PSDB caiu de 31,5 pontos porcentuais para apenas 8,2 entre os mais pobres.

O instituto Sensus entrevistou 2.000 moradores de 136 municípios de 25 a 29 de maio. A margem de erro da pesquisa é de três pontos porcentuais para mais ou para menos.