Título: CPI da Petrobrás começa sob a influência de Renan
Autor: Lopes,Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/06/2009, Nacional, p. A6

Veto do líder atrasa indicações, que serão formalizadas apenas hoje

Eugênia Lopes

Cada vez mais poderoso, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), "abençoará" hoje os escolhidos para os cargos de presidente e relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobrás. A base aliada sabe desde a semana passada que comandará os dois postos-chave da CPI, mas o veto de Renan a alguns senadores atrasou as indicações, que serão formalizadas apenas hoje.

Reunião da base aliada programada para antes da instalação da CPI, marcada para as 14 horas, definirá os senadores que vão comandar o inquérito. Na última semana, Renan abateu ainda no nascedouro a candidatura de vários aliados do Planalto.

A tendência era que o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), fosse escolhido como relator. Mas Renan ficou irritado por ele ter se aliado ao líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), e tentado formar uma dobradinha no comando da CPI, onde ficaria com a relatoria e o petista com a presidência. O peemedebista alagoano, então, abortou a manobra.

Vetado por Renan para presidir a CPI, Mercadante deverá escolher o senador João Pedro (PT-AM) para o cargo. Outra hipótese é a líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC).

A indicação de Ideli é, no entanto, considerada menos provável porque, como líder, a petista já tem uma sobrecarga de trabalho, além de querer ter tempo livre para começar a se dedicar à sua campanha ao governo de Santa Catarina.

Na semana passada, Renan lançou, com o propósito de desgastar a campanha de outros postulantes ao cargo, o nome do senador Paulo Duque (PMDB-RJ) como uma das possibilidades para relatar a CPI da Petrobrás. Mas a amigos Duque confidenciou que não quer o cargo por causa da idade - ele tem 81 anos.

Em desvantagem numérica na CPI da Petrobrás, os partidos de oposição se preparam para dar o troco na CPI das organizações não-governamentais (ONGs). A oposição não abre mão de manter a presidência e a relatoria da comissão. "Se o governo quer adotar postura de truculência, que arque com as consequências", afirmou ontem o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN).

A ideia da oposição é usar a CPI para tentar aprovar requerimentos de investigação e o envio de documentos de contratos da Petrobrás com ONGs.

Na semana passada, o presidente da CPI das ONGs, Heráclito Fortes (DEM-PI), nomeou o líder do PSDB, Arthur Virgílio Neto (AM), como relator. O tucano entrou na vaga de Inácio Arruda (PC do B-CE), que foi ser titular na CPI da Petrobrás.

Ao perceberem a manobra da oposição, os governistas tentaram voltar atrás e manter Inácio Arruda como relator da CPI das ONGs e deixá-lo como suplente na da Petrobrás. A oposição não aceita e disse que manterá o tucano no cargo. Em represália, o governo avisou que não dará quórum, impedindo, assim, o funcionamento da comissão.