Título: Lula reitera ser contra terceiro mandato
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/06/2009, Nacional, p. A7
Tânia Monteiro, GUATEMALA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a descartar a hipótese de buscar um novo mandato em 2010. Após receber as chaves da cidade na prefeitura da capital guatemalteca, Lula foi enfático ao declarar que "o Brasil não deve ter terceiro mandato".
O presidente comentou, porém, que não vê "nenhum mal" no fato de políticos de outros países quererem terceiros mandatos, como o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. "Mas tem que ser eleito. O Uribe pode se eleger ou não, mas tudo tem de ser feito dentro do exercício da democracia", disse Lula, numa referência ao presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, que já declarou intenção de se candidatar a uma segunda reeleição em 2010.
Lula disse ter ficado "feliz" com pesquisas que mostram o apoio de quase metade do eleitorado à tese do terceiro mandato. "Mas eu não brinco com a democracia. Quem quer o terceiro (mandato) pode querer o quarto, o quinto ou o sexto."
O presidente destacou que, há vinte anos, nenhum analista acreditava que os presidentes Álvaro Colom (Guatemala), Cristina Kirchner (Argentina), Rafael Correa (Equador), Evo Morales (Bolívia) e Michele Bachelet (Chile) pudessem chegar ao poder.
Pouco antes, em seu discurso, após ter sido elogiado pelo prefeito da capital, Álvaro Arzu, por sua performance nas pesquisas, Lula fez uma forte defesa da democracia e da alternância de poder. Segundo Arzu, Lula é um "personagem sem igual, porque, após sete anos de governo, tem 82% de opinião favorável". "Ele é um fenômeno", brincou. Ainda de acordo com o prefeito da capital, Lula passou "sete anos sorrindo" porque " não tem a mesma imprensa" que existe na Guatemala.
Em seu discurso, Lula respondeu que "todo mundo fala mal da imprensa, seja na Finlândia, na Argentina ou na Guatemala, mas a verdade é que não se teria democracia sem a imprensa". O problema, afirmou, aparece quando a imprensa "não se contenta em noticiar os fatos e passa a criá-los ou se transforma em porta-voz de um pensamento político".