Título: Relator mira MST e prefeituras do PT
Autor: Colon, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2009, Nacional, p. A8

Arthur Virgilio apresenta amanhã pedidos de quebra de sigilo; base governista deve dificultar aprovação

Leandro Colon, BRASÍLIA

A oposição decidiu focar o início dos trabalhos na relatoria da CPI das ONGs em entidades ligadas a prefeituras do PT e ao Movimento dos Sem-Terra (MST). Novo relator da comissão, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), pretende apresentar amanhã proposta que inclui a quebra de sigilo bancário da Intercorp Consultoria e da Camarero e Camarero Consultoria, empresas suspeitas de irregularidades na prestação de serviços a prefeituras petistas, incluindo São Paulo, na gestão Marta Suplicy (PT), Nova Iguaçu, Recife e Fortaleza.

Os serviços foram prestados pela Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec). Luís Lima, um dos sócios da Intercorp e da Camarero, já foi consultor do PT na Prefeitura de Porto Alegre.

Um relatório preparado por Virgílio pedirá ainda a investigação e a abertura de sigilo de cooperativas ligadas ao MST que receberam R$ 44 milhões do governo em seis anos. Aparecem no cronograma as cooperativas dos trabalhadores de reforma agrária de Santa Catarina e de São Paulo. Na sessão de amanhã, o líder do PSDB fará um discurso apontando o que não foi feito pela comissão até agora e o que deve ser realizado até fevereiro de 2010, prazo final dos trabalhos.

RESISTÊNCIA

A oposição sabe que terá dificuldades em aprovar esses requerimentos. Em maioria na CPI, a base do governo tem levantado obstáculos às investigações que atinjam essas entidades. A estratégia dos tucanos é conseguir uma trincheira de negociação para acelerar a instalação da CPI da Petrobrás ou, caso contrário, transformar a da ONGs em palco de resistência, pelo menos no discurso, ao Planalto.

Em seu relatório, Virgílio pedirá, por exemplo, que a CPI convoque Aldenira da Conceição Sena para depor. Vice-presidente do PT baiano, ela é ligada a uma entidade que recebeu R$ 1,4 milhão da Petrobrás.

O Planalto não esconde a preocupação com a CPI, admitindo que ela pode se transformar em arma da oposição no Congresso. O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), tentará amanhã retirar a relatoria de Virgílio. Um questionamento acusando a oposição de quebrar acordo já foi apresentado à Mesa Diretora. Jucá vincula a instalação da CPI da Petrobrás à saída de Virgílio do posto.

O tucano avisa que não tem acordo em troca da CPI da Petrobrás. "Já deixei claro que não existe moeda de troca. Não faço esse jogo", reagiu.