Título: Nível de crédito é o menor em 8 anos
Autor: Rehder, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/06/2009, Economia, p. B1

Apenas 49,6% do pré-embarque foi financiado no 1.º trimestre

Além da retração da demanda mundial e da sobrevalorização do real frente ao dólar, o exportador brasileiro ainda enfrenta problemas de falta de financiamento.

Levantamento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que só 49,6% das exportações do País contaram com crédito pré-embarque no primeiro trimestre de 2009. É o nível mais baixo nos últimos oito anos (período analisado pela entidade), o que reflete os efeitos da crise global.

Entre 2002 e 2008, a participação média do crédito sobre o valor exportado no primeiro trimestre foi de 64,9%. No ano passado, essa fatia representou 58,8%.

O estudo constatou que foi a retração nos pagamentos antecipados que derrubou a oferta de crédito este ano. As linhas de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) mantiveram praticamente a mesma proporção do montante contratado sobre exportações (26,5%). Já a participação das linhas internas e públicas recuaram de 4%, em 2008, para 3%, agora.

Restrito a empresas de um mesmo grupo, o montante de pagamento antecipado sobre o total das exportações brasileiras desabou de 28,3%, no primeiro trimestre de 2008, para 20,1%, neste ano. Por essa modalidade, o importador envia o pagamento da operação ao exportador antes do embarque da mercadoria para o exterior.

O diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, defende a criação de linhas de crédito pré-embarque à exportação com "funding" em reais. Atualmente, os ACCs usam recursos captados de bancos estrangeiros e repassados por bancos nacionais. Giannetti propõe que sejam criados ACCs em reais, que usariam recursos do depósito compulsório dos bancos. Segundo ele, isso evitaria a antecipação do fluxo de entrada de câmbio e seus efeitos de valorização cambial