Título: Oposição admite desistir de cargo para ter CPI
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2009, Nacional, p. A12

Desistência de relatoria na comissão das ONGs asseguraria investigação sobre Petrobrás

Eugênia Lopes, BRASÍLIA

Um dia após insistir em manter o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), na relatoria da comissão parlamentar de inquérito que investiga as organizações não-governamentais (ONGs), a oposição deu sinais ontem de que está disposta a recuar. Pode entregar o cargo aos governistas para tentar acabar com os "pretextos" do Palácio do Planalto para não instaurar a CPI da Petrobrás.

A retomada da relatoria da comissão das ONGs foi a condição imposta pelos líderes da base aliada para a instalação da CPI da Petrobrás e da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Devido a essa disputa, o início dos trabalhos foi adiado ontem pela terceira vez, desde que o requerimento de criação da comissão foi protocolado, há 26 dias na Mesa Diretora do Senado.

Os governistas não apareceram ontem na reunião da CPI. Sem quórum, a comissão não pôde ser instalada.

"O DEM e o PSDB vão se reunir na semana que vem e vamos encontrar caminhos para destravar as investigações sobre a Petrobrás", adiantou o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN). "Não vamos dar pretextos para que não se fiscalize a Petrobrás", completou o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

Ao demonstrarem que, na semana que vem, deverão concordar em retirar Virgílio da relatoria da CPI das ONGs, os tucanos e os integrantes do DEM avisaram que querem negociar um novo relator. Os oposicionistas não aceitam que o senador Inácio Arruda (PC do B-CE) volte para o posto.

Arruda era o relator da comissão de inquérito, mas deixou a cadeira para ingressar na CPI da Petrobrás. A oposição aproveitou para pôr no seu lugar o senador tucano.

Os oposicionistas querem ainda que o futuro relator aceite a proposta de trabalho apresentada anteontem por Virgílio para a CPI das ONGs.

ESVAZIAMENTO

Dos 11 titulares da CPI da Petrobrás, apenas 4 apareceram na reunião agendada para ontem à tarde. Além de Paulo Duque (PMDB-RJ), a quem compete dirigir os trabalhos da primeira reunião da CPI, por ser o integrante de maior idade, compareceram Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA), Álvaro Dias (PSDB-PR) e Guerra.

É necessária a presença de pelo menos seis senadores para que a comissão seja instalada.

Sem abrir oficialmente a sessão, uma vez que não havia quórum, Duque deixou os oposicionistas falarem à vontade. Os senadores Heráclito Fortes (DEM-PI), suplente na CPI da Petrobrás, Virgílio e Agripino também discursaram contra a estratégia do governo de adiar os trabalhos.

Se a oposição abrir mão da relatoria da CPI das ONGs, a CPI da Petrobrás deverá ser instalada na semana que vem. Os cargos de comando do inquérito da Petrobrás ficarão nas mãos de senadores da base aliada.

NOMES

O nome do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), voltou a ser o mais cotado para a relatoria da CPI, depois de ter feito "as pazes" com o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL). Nesse cenário, a presidência da CPI da Petrobrás deverá ficar com o senador João Pedro (PT-AM).

FRASES

José Agripino Maia (RN) Líder do DEM no Senado

"O DEM e o PSDB vão se reunir na semana que vem e vamos encontrar caminhos para destravar as investigações sobre a Petrobrás"

Sérgio Guerra (PE) Presidente do PSDB

"Não vamos dar pretextos para que não se fiscalize a Petrobrás"