Título: Emergentes serão o motor da economia global, diz Coutinho
Autor: Chiarini, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/06/2009, Economia, p. B7

Para o presidente do BNDES, Brasil será destaque no grupo, pois está saindo mais cedo da crise mundial

Fabio Graner

Fernando Nakagawa

BRASÍLIA

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse ontem que há um "certo descolamento" dos países emergentes da economia global. Segundo ele, esses países deverão ser o motor da economia mundial, revertendo uma situação histórica, em que eles eram puxados pelos chamados países centrais. Na visão de Coutinho, o Brasil será um destaque no grupo dos emergentes, pois está saindo mais cedo da crise do que outros.

Segundo ele, essa também é a percepção dos mercados, o que está explicitado na medida de risco país. Para o presidente do BNDES, os investidores percebem o País como um dos mais bem estruturados do ponto de vista macroeconômico. "A percepção de risco sobre o Brasil é muito melhor que a dos demais emergentes. Isso reflete a solidez da política econômica", disse Coutinho, lembrando que o sistema bancário do País se mostrou muito sólido, o que é um fator adicional favorável.

Por causa das boas condições da economia brasileira e da perspectiva de continuidade do aumento do consumo das famílias, Coutinho considera que o Brasil pode crescer 4% na média de 2009 a 2012, mesmo com um crescimento pequeno neste ano. "Haverá uma aceleração a partir do ano que vem." Ele considera que já em 2010 o País deve crescer "4% ou mais".

Ele também disse esperar que a taxa de investimentos da economia brasileira medida pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) feche o ano em 19%, mesmo nível de 2008. Segundo Coutinho, apesar da crise e da retração da economia brasileira, há sinais de que o investimento passa por um processo de retomada.

Segundo Coutinho, esse aumento do investimento tem sido induzido pelas ações do governo, como no setor de petróleo e gás (via Petrobrás), energia (via Eletrobrás) e habitação ("Minha Casa, Minha Vida"). Os reflexos da crise, segundo ele, foram sentidos pelo setor de commodities, que adiou os investimentos, sem cancelar novos projetos.

Para os próximos meses, o presidente do BNDES espera a retomada dos investimentos também na iniciativa privada. Com a expectativa de que o uso da capacidade instalada da indústria volte a superar 80% nos próximos meses, Coutinho acredita na retomada mais firme de investimentos já no segundo semestre e um aumento mais expressivo em 2010.

CAIXA

A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, disse que é uma decisão do banco trabalhar com as menores taxas de juros do mercado. Segundo ela, os bancos públicos estão tendo papel estratégico no enfrentamento da crise, e isso se deve a uma política do governo federal de fortalecimento das estatais.

"Se a crise nos pegasse em 2003, seria dramático, pois não teríamos capacidade de responder", disse Maria Fernanda. "Os bancos públicos têm atuado intensamente de forma anticíclica", disse, lembrando que o crédito na Caixa cresceu mais de 50% na crise.