Título: EUA ameaçam impor barreiras a produto chinês
Autor: Landim,Raquel ; Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/06/2009, Economia, p. B6

Após queixa de sindicatos de trabalhadores, os pneus chineses também podem enfrentar novas barreiras nos Estados Unidos.

Ontem, a Comissão Internacional de Comércio americana aprovou a adoção de medidas antidumping contra as importações chinesas, alegando que estão entrando no mercado dos EUA com preços injustos, afetando as empresas locais e ampliando o desemprego. A Organização Mundial do Comércio (OMC) alerta que o protecionismo está se proliferando e ganhando força diante da recessão.

A medida havia sido solicitada em abril por um sindicato de trabalhadores americanos. Em um tempo recorde, a barreira foi avaliada.

Os trabalhadores alegaram que, entre 2004 e 2008, os Estados Unidos triplicaram a importação de pneus da China, somando mais de 46 milhões de unidades. No mesmo período, 5,1 mil empregos foram suprimidos.

"Nossas empresas não podem sobreviver se o governo não usar as leis para dissuadir práticas anticompetitivas"", afirmou Leo Gerard, presidente do sindicato. Para ele, outros 3 mil empregos serão suprimidos até o final do ano se o governo não colocar um teto de importação de 21 milhões de pneus por ano, metade do volume de 2008.

Para que a medida contra os pneus seja adotada, a Comissão de Comércio se reunirá no final de junho para fazer a recomendação à Casa Branca.

A decisão caberá ao presidente Barack Obama que, em abril, havia prometido que não recorreria a barreiras comerciais, assim como outros 19 países.

MEDIDAS LEGAIS

As medidas antidumping são legais. Mas a OMC alerta que está vendo um incremento dessas medidas desde a eclosão da crise. O governo americano ainda estuda barreiras contra móveis, mel, produtos químicos, velas e outros bens chineses. Mas essas medidas terão de ser avaliadas em um contexto mais amplo. Os chineses podem retaliar, impondo barreiras contra os bens americanos.

Para um dos sindicatos, o Alliance for American Manufacturing, os produtos chineses exportados contam com subsídios, se beneficiam de salários baixos aos trabalhadores e ainda são competitivos graças a desvalorização da moeda chinesa.