Título: Com arrefecimento da crise, CDBs perdem atratividade
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2009, Economia, p. B1

Problemas de liquidez ficam para trás e grandes bancos reduzem taxas oferecidas aos clientes

Leandro Modé

No auge da crise internacional, os maiores bancos brasileiros engordaram a remuneração dos Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) para atrair investidores e, com isso, aliviar os problemas de liquidez que enfrentavam naquele momento. Com a melhora do cenário nos últimos meses, a rentabilidade oferecida aos clientes caiu, o que diminuiu a atratividade desses produtos, principalmente para os pequenos aplicadores.

Em outubro do ano passado, um CDB de R$ 5 mil rendeu, em média, 0,69%. Em junho, o ganho caiu para 0,47%. O mesmo movimento é constatado nos CDBs acima de R$ 100 mil, que saíram de 0,83% para 0,60%.

Parte dessa perda decorre da queda da taxa básica de juros (Selic) no período, de 13,75% para 9,25%, uma vez que o rendimento de um CDB é definido como uma porcentagem do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), juro de referência do mercado financeiro. Mas a maior parcela decorre mesmo do apetite reduzido dos bancos pelo produto.

"Nos últimos seis meses, as taxas se adequaram à nova realidade", afirmou o superintendente executivo de Investimentos do Bradesco, Marcos Villanova. "No auge da crise, as taxas (do CDB) subiram de uma forma como não se via há muitas décadas."

Atualmente, segundo Villanova, um CDB no Bradesco com valor mínimo de R$ 5 mil e prazo de dois anos pode pagar até 100% do CDI. Para aplicações acima de R$ 500 mil também por dois anos, a remuneração pode chegar a 102% do CDI.

No Banco do Brasil, as taxas variam de 85% até 97% do CDI, para aplicações a partir de R$ 500 e aporte subsequente também a partir de R$ 500. No produto BB CDB DI Parceria, lançado em abril, a taxa oscila de acordo com o prazo do investimento, podendo chegar a 100% do CDI. O banco ressalta que as taxas podem variar conforme o relacionamento do cliente.

Procurados, o Itaú-Unibanco e o Santander-Real informaram que as taxas dos CDBs dependem do relacionamento com cada cliente, do prazo e do valor mínimo da aplicação. Por isso, não forneceram uma referência para a remuneração média do produto hoje.

"Agora, os bancos estão saciados. Por isso, o CDB nas grandes instituições voltou para segundo plano", disse o professor do Laboratório de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA) Rafael Paschoarelli. Segundo ele, não é mais vantajoso para o pequeno investidor aplicar em CDB de banco grande, uma vez que a taxa oferecida é "pífia". "É melhor procurar os bancos pequenos, que pagam taxas melhores pelos CDB e têm cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (até R$ 60 mil)."

O administrador de investimentos Fabio Colombo tem análise semelhante. "A remuneração do CDB de valor pequeno é parecida com a dos fundos DI", disse. "CDB, hoje em dia, só é bom para quem aplica acima de R$ 500 mil, R$ 1 milhão."

NÚMEROS

0,69% era a taxa paga pelos grandes bancos para CDBs de pequeno valor em 2008

0,47% era a taxa média paga em junho

0,83% era a renda dos CDBs acima de R$ 100 mil.

0,60% é o rendimento atual do CDB de R$ 100 mil