Título: Meta de inflação é mantida em 4,5%
Autor: Veríssimo, Renata; Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2009, Economia, p. B5

Renata Veríssimo e Fernando Nakagawa, BRASÍLIA

O Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou ontem em 4,5% o centro da meta de inflação para 2011, apesar da avaliação de economistas e de parte do mercado financeiro de que haveria espaço para uma redução desse porcentual, que vem prevalecendo desde 2005 e será seguido também em 2010.

Na avaliação da equipe econômica, a manutenção da meta permite ao Banco Central (BC) adotar uma política monetária expansionista, que estimule o crescimento da economia. Se a meta fosse reduzida, o BC teria de ser mais conservador com os juros já no próximo ano.

Pela decisão, será adotado um intervalo de tolerância de dois pontos porcentuais para baixo ou para cima do centro da meta Ou seja, o objetivo será cumprido se a inflação de 2011 ficar entre 2,5% e 6,5%. São os mesmos parâmetros em vigor atualmente. A meta toma como referência o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Na divulgação do último relatório de inflação, relativo ao segundo trimestre de 2009, o diretor de Política Econômica do BC, Mário Mesquita, disse que o Brasil tem meta de inflação superior à média dos países emergentes, de 3,6%.

O BC tem considerado fundamental sinalizar um cenário de inflação mais reduzida, dentro do entendimento de que, ao contrário do que temem economistas ligados à corrente chamada de "desenvolvimentista", isso asseguraria juros cada vez mais baixos. Mesquita, no entanto, recusou-se a defender a redução da meta definida.

Em nota divulgada depois da reunião do CMN, o Ministério da Fazenda afirmou que a manutenção da meta em 2011 foi uma medida "pragmática". "A experiência brasileira nos últimos 10 anos recomenda a manutenção de uma postura pragmática na determinação da meta de inflação", diz o texto.

Apesar de admitir que o momento atual da economia, com forte retração da atividade, traz a expectativa de acomodação da inflação global, a nota diz que "a boa prática da administração monetária recomenda prudência em relação à possibilidade de ocorrência de novos choques internacionais".

O documento lembra que um dos principais motivos para o sucesso do regime de metas no Brasil foi a definição "de uma meta de inflação compatível com a realidade nacional e capaz de absorver flutuações não antecipadas na economia mundial". "Metas restritivas e ambiciosas podem se revelar prejudiciais à administração da política monetária, como ocorreu entre 2001 e 2003, quando a inflação ficou acima do teto estabelecido pelo CMN", diz o documento.

"O próximo governo vai achar o que deve. Ninguém pode obrigá-lo a fazer nada. Ele vai dever satisfação aos seus eleitores", disse o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, em entrevista antes da reunião do CMN.

COLABOROU ADRIANA FERNANDES