Título: Brasil rejeita ações de Micheletti
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2009, Internacional, p. A15

João Domingos e Andrei Netto

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que recusará as credenciais de diplomatas que vierem a ser nomeados pelo presidente autoproclamado de Honduras, Roberto Micheletti, para servir no Brasil. Lula também anunciou que não receberá Micheletti, caso ele tente fazer uma visita ao País.

O governo brasileiro acredita que o golpe militar que derrubou Manuel Zelaya, no domingo, não terá vida longa. "O Brasil está lutando em Honduras contra um golpe militar desnecessário, contra um governo democrático", disse Lula, em visita à Líbia.

O chanceler Celso Amorim reforçou as críticas ao governo autoproclamado de Honduras, definindo a situação de Micheletti como "insustentável".

Sem mencionar o nome do líder posto no poder pelas Forças Armadas, a quem definiu como "autoridade golpista", o ministro brasileiro disse acreditar que "a situação vai se resolver rapidamente". "O Brasil já anunciou que não cooperará se esse governo permanecer, mas tenho convicção de que isso não vai ocorrer", completou Amorim.

Brian Michael Neele, embaixador do Brasil em Tegucigalpa, está de férias e deve permanecer longe de Honduras.

O Itamaraty informou que não decidiu ainda se alguma autoridade brasileira acompanhará Zelaya no retorno a Tegucigalpa, anunciado para amanhã, num enfrentamento direto aos que o tiraram do poder.

Como o secretário executivo do e "número 2" do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, está em Washington, onde participou de reunião extraordinária da Organização dos Estados Americanos (OEA) para tratar da crise hondurenha, ele deverá ser o enviado, caso o Brasil decida que uma autoridade acompanhará Zelaya amanhã na volta para Honduras.